20 cidades do Ceará estão com serviços bancários comprometidos

Abertura de contas, solicitação de empréstimos, recebimento de salários e aposentadorias, saques, transferências etc. Serviços importantes são afetados em diversas cidades do interior do Estado por conta de ataques de quadrilha de assaltantes a agências bancárias. Via de regra, com uso de explosivos, os criminosos destroem os prédios físicos das unidades, que demoram meses para serem reconstruídas.

Baseado em informes de funcionários, o Sindicato dos Bancários do Estado contabiliza, pelo menos, 20 cidades com agências fechadas ou com atendimento parcial devido à ação de bandidos. A maioria desses municípios fica na região Norte do Estado, em áreas como o Sertão de Sobral e a Serra da Ibiapaba. O Banco do Brasil é o mais afetado, com 16 unidades danificadas (ver infográfico abaixo).

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não contabiliza o número de agências afetadas, nem os bancos divulgam números. O Bradesco afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que a instituição não comenta o assunto. Até o fechamento desta edição, a Caixa Econômica Federal (CEF) também não respondeu aos questionamentos feitos ao banco. Já o Banco do Brasil (BB) diz que, “por razões de segurança e estratégia”, não divulga o total de agências atingidas, porém, confirma as agências listadas pelo Sindicato dos Bancários como prejudicadas pelos ataques. A empresa ainda divulgou a previsão para as agências voltarem a funcionar (ver quadro). Enquanto agências de municípios, como Uruoca, devem retornar ao funcionamento em junho próximo, outras devem esperar até o ano que vem, como é o caso de Guaraciaba do Norte, cuja previsão de restabelecimento é maio de 2020.

Em nota, o Banco do Brasil lamenta os transtornos “ocasionados por fatores alheios à sua vontade”. Conforme o banco, são cumpridas todas as exigências legais relativas a equipamentos e procedimentos de segurança. “Para impedir as investidas criminosas, faz-se necessário investimentos no aparato de Segurança Pública, especialmente em cidades de pequeno porte, localizadas no interior dos estados”, traz resposta oficial. O Banco do Brasil cita ainda alternativas para os clientes que estão sem agências, como bancos postais, aplicativos para celulares e tablets.

O presidente do Sindicato dos Bancários, Carlos Eduardo Bezerra, destaca o impacto negativo para as economias dos municípios afetados pelos serviços bancários inexistentes ou parciais. Sem bancos, as cidades não conseguem fazer a articulação do papel-moeda, coloca ele. “Afetou diretamente os pagamentos de aposentadorias, salários, programas sociais, Bolsa Família. Além da poupança do município para o funcionamento dos órgãos. As pessoas, ao se deslocarem de onde sacavam o dinheiro, por 50 ou 100 quilômetros de distância, fazem seu consumo de subsistência em outro município. Esse ciclo quebra economicamente as cidades que estão sem a instituição financeira”.

Este ano, já foram registrados nove ataques. O último foi em 8 de maio último, no município de Graça, a 288 quilômetros da Capital. Criminosos usaram dinamite para explodir caixas eletrônicos do banco Bradesco — eles ainda atacaram o destacamento da Polícia Militar (PM) da cidade. Este mês, ainda havia registrada explosão de um agência em Irauçuba, a 152 quilômetros da Capital. Os outros seis municípios que registraram ataques em 2019 são: Tejuçuoca (138 km da Capital), Tianguá (315 km da Capital), Tamboril (275 km da Capital), Tururu (109 km da Capital), Croatá (343 km da Capital) e Cariré (247 km da Capital).

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