Coluna: Conversando com a mãe Dilma, por Silveira Rocha

Alô, alô, alôooo. Mãe essa ligação está muito ruim. Quase não
a escuto. A senhora está muito longe. A senhora está aonde mesmo? O que, na
Rússia? Vige mãe, é longe mesmo. E o que diabos a senhora foi fazer por ai? Foi
comprar gelo, tomar Vodka ou dançar pagode russo? Ah, é a reunião da cúpula do
G-20. Eu nem me lembrava mais dessa reunião, pois elas não dão em nada mesmo.

E ai, dá para a gente falar por aqui sem que o Obama nos escute? Pois num é,
mãe, a gente nem imaginava que ele fosse tão bisbilhoteiro. Eu fiquei
preocupado com essa estória, sabia? Será que ele gravou suas conversas com o
padrinho? Tenha cuidado, mãe, se ele tiver escutado as conversas do mensalão,
dos superfaturamentos dos estádios, dos esquemas com o Cachoeira e outras
coisas mais, a senhora está frita. O que a senhora vai fazer quando encontrar
com ele por ai? Não vai fazer nada? Ave mãe deixe de ser mole. Eu se fosse a
senhora dava uma rasteira nele, pisava no pescoço dele e o chamava ele de
fofoqueiro. Aposto como ele, magrinho como o é, não aguentaria um tabefe seu.

Mãe, o que a senhora quer com os presidentes da China, do Japão e da Coréia do
Sul? Não me diga que vai contratar cursos de reciclagem para os políticos e os
bandidos. É isso? Já que a Sociedade Protetora dos Animais não deixa mais a
gente vender jumentos para o Oriente, que tal negociar com eles umas remessas
de ladrões em troca de arroz para o Bolsa Família.

Mãe, eu tava pensando que a senhora deveria construir umas escolas técnicas
para ensinar a meninada a roubar sem precisar  matar, usar drogas sem
precisar ser traficante, e até, quem sabe, aprender a trabalhar e se parecer
com gente decente. Mãe tem meninos demais nas ruas. Onde estão as mães? Sei
não. Devem estar assistindo novela, bebendo umas  e outras, fazendo role
ou facebucando.

Me diga uma coisa: a senhora fez a sua doação para o Criança Esperança? O que,
a senhora só doou R$ 20? E por que, mãe? Ah, sim, é verdade. A senhora já dá
coisas demais para essas crianças. Não é à toa que elas quando a vêem pensam
que a senhora é a Xuxa. Você é doida por criança, né mãe? As do nordeste então,
né, que parecem umas pecinhas de artesanato, fininhas como palitos, amarelinhas
como flor de algodão e repletas de vermes em todos os metros quadrados do
corpo.

Sim, mãe, eu estou de olho nas suas obras aqui em Sobral. Os apartamentos do
Junco estão ficando lindos. Pena que o povo mal-agradecido está chamando os
prédios de pacotes de fósforos. E isso mesmo mãe. Tem uns que já começaram a
fazer regime, pois gente acima de 50 quilos não cabe dentro dos prédios, nem os
vizinhos debaixo aceitam-nos em cima, com medo que eles caiam pelos tetos.
Mãe, a senhora quer vender a moto? Venda. É melhor do que ela dar-lhe uma
queda. Já pensou a vergonha que seria a presidente do Brasil se esparramar no
asfalto feito um pacote flácido?  Sim, a senhora vai chegar com tempo de
participar da parada? Que parada gay mulher, da parada do 7 de Setembro. É no
sábado sim? Pois é a senhora vai chegar muito cansada para ter que aturar
barulho de tambor, cornetas, canhões, aviões e soldados marchando. Eu se fosse
a senhora mandaria o padrinho Lula no meu lugar, pois ele anda muito folgado. O
que, ele tem medo de manifestantes? E a senhora acha que eles irão perturbar
tal qual os sem-terra, os sem teto, sem-saúde, sem-educação e os sem-vergonha
políticos?

Mãe, sua popularidade está que nem pão fermentado em forno  – é só
crescendo. O povo está calado, mas não se confie muito, pois neste sábado vai
ter zoada de novo, e a senhora não vem cumprindo as promessas que fez quando
estava com medo das ruas. Mãe, esse povo é como vulcão, quando se cala fica
fervendo por dentro. Abra os olhos e trabalhe, antes que os tucanos comecem a
fazer coco nos telhados do Alvorada.

Vou cuidar da vida, e a senhora se cuide, principalmente com esses chineses,
japoneses e coreanos, pois eles, com os olhos fechados são espertos, dirá de
olhos abertos. Se o curioso do Obama perturbar me ligue. Não esqueça de trazer
minha vodka. Na próxima a gente conversa mais. Grande abraço,mãe.

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