Gasolina tem 3ª alta e ultrapassa R$ 5 no País

Em Fortaleza, a maioria dos postos vende o litro da gasolina por R$ 4,39. Em regiões como o Norte e o Sudeste, o valor do combustível já ultrapassou a casa dos R$ 5 FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES
A Petrobras anunciou, ontem (11), mais um aumento no preço da gasolina. O reajuste, de 1,4% nas refinarias, passa a valer a partir de hoje (12). O diesel também foi reajustado em 0,7%. A nova política e revisão de preços da estatal tem alterado quase que diariamente o preço dos combustíveis, elevando os valores Brasil afora. No ano, o País já soma três altas (acumulado de 3,53%) e quatro reduções (acumulado de – 4,14%) nos preços, o que representa diferença de -0,74% em relação ao valor médio verificado em 31 de dezembro de 2017.
Contudo, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), três estados do País já registram preço acima da casa dos cinco reais.
No Brasil, o preço médio da gasolina está em R$ 4,151, conforme o levantamento da Agência Nacional, realizado entre 31 de dezembro e o último sábado (6). A ANP identificou, ainda, que o preço mínimo do combustível está em R$ 3,499 e o preço máximo atingiu o valor de R$ 5,150, especificamente, na cidade do Rio de Janeiro.
A gasolina já ultrapassou a casa dos R$ 5 nas regiões Norte (R$ 5,150) e Sudeste (R$ 5,099). Os Estados que superaram a marca foram Acre (R$ 5,150), Rio de Janeiro (R$ 5,099) e Pará (R$ 5,040). Dentre as capitais do País, apenas a fluminense ultrapassou a faixa dos cinco reais.
Nordeste
Na região Nordeste, o Ceará ostenta a terceira gasolina mais cara, com média de R$ 4,129, atrás apenas dos estados de Sergipe (R$ 4,187) e Alagoas (R$ 4,136). O preço máximo encontrado pela ANP nos postos de combustíveis do Ceará foi R$ 4,620, no Município de Crato. Fortaleza tem média de R$ 4,084 e o maior preço notado pela Agência, que pesquisou 72 postos na Capital, foi R$ 4,180.
Política
A nova política de revisão de preços dos combustíveis do País foi divulgada pela Petrobras no dia 30 de junho de 2017, alegando a petroleira estatal que “espera acompanhar as condições do mercado e enfrentar a concorrência de importadores”.
Além da concorrência, na decisão de revisão de preços, pesam as informações sobre o câmbio e as cotações internacionais. Assim, em vez de esperar um mês para ajustar seus preços, a Petrobras agora avalia todas as condições do mercado para se adaptar, o que pode acontecer diariamente.
Valor no exterior
Contudo, o cenário que se vê no exterior é um tanto curioso. Nos Estados Unidos, por exemplo, o preço médio do litro da gasolina é de US$ 0,73 (cerca de R$ 2,36) e o maior custo, US$ 0,75 (próximo a R$ 2,42).
Os números são do portal Global Petrol Price, que avaliou os preços entre 2 de outubro de 2017 e 8 de janeiro deste ano, com base em dados de fontes oficiais do governo, de entidades reguladoras e de companhias de petróleo.
Os preços da gasolina estão em queda nos Estados Unidos desde novembro, chegando ao menor valor (US$ 0,72) entre o Natal e o Réveillon. Houve aumento de US$ 0,01 da primeira para a segunda semana deste ano, em contrapartida aos dois meses de queda contínua.
Em todo o mundo, no entanto, o valor médio do litro da gasolina está em US$ 1,47 (aproximadamente R$ 4,75). Ainda segundo o site, a gasolina mais cara do mundo é encontrada em Hong Kong, a US$ 2,02 (cerca de R$ 6,52) o litro.
Alinhamento
Para o consultor da área de petróleo e gás, Bruno Iughetti, é preciso questionar a cadeia de combustíveis, uma vez que não parece alinhada quanto às práticas de variação de preço.
“Desde 2002, os preços são livres no Brasil. Portanto, toda a cadeia de combustíveis, desde a produção, refino, distribuição e revenda, é livre para praticar os preços que julgar oportunos e necessários. Agora, espera-se que haja a consciência e a cultura de que realmente não só sejam reajustados os preços (nos postos de combustíveis) quando aumentam, mas é preciso que toda a cadeia de distribuidoras e postos obedeçam também quando há queda no preço do produto, que é pouco visível ao consumidor. Quando a Petrobras anuncia alta, imediatamente os preços se fazem sentir com elevação nas bombas. Quando é o contrário, demora-se ou não se pratica o efeito”.
O especialista crê que o que falta é costume ao mercado para saber lidar com a novidade. “É uma questão de cultura. Não tínhamos essa prática, e acredito que isso deverá entrar em uma rotina, sem abusos, evidentemente, em pouco tempo. O consumidor vai estar acostumado a essa flutuação e os postos também, e as distribuidoras deverão, igualmente, não fazer um colchão para represamento, mas também praticar as variações diárias apontadas pelas refinarias”, pontuou.
Novos aumentos
No curto-médio prazo, Iughetti aposta em mais aumentos nos preços. “No caso da Petrobras, o mecanismo de reajuste de preço se dá pela fórmula adotada, que é a mesma existente nos EUA, e em países europeus. A regulamentação é de acordo com o preço do petróleo internacional e variações cambiais. Como o petróleo está beirando os 70 dólares (o barril), a expectativa é de novas altas. Hoje (ontem), já tivemos novo aumento”, disse.
Posicionamento
De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (Sindipostos-CE), praticamente a metade do valor dos combustíveis (47%) é composta de impostos federais e estaduais.
Conforme a entidade, 29% diz respeito ao estadual ICMS; e 18% aos federais Cide, Pis e Cofins. Além disso, outros 26% do total do valor são pagos à refinaria e 12% vem do custo do etanol anidro. Os 15% restantes são para cobrir os custos de transporte e servem de lucro para distribuidora e postos.
A reportagem tentou contato por telefone, ontem, com o Sindicato, para comentar os reajustes dos combustíveis. Contudo, até o fechamento desta edição, as ligações não foram atendidas e ninguém foi localizado na sede da instituição para se pronunciar a respeito.

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