Mercado da água | Clandestinidade preocupa quem investe

O surgimento desordenado de empresas de águas adicionadas de sais e a falta de uma fiscalização efetiva tem enfraquecido o mercado legal da água no Ceará. É o que alegam fontes ligadas ao setor.
Empresas dos dois segmentos são obrigadas a dividir espaço com as adicionadas de sais clandestinas. “O mercado está canibalizado. Tem dono de fonte esperando outros fecharem para começar a ter lucro.
Não temos preço de venda pela quantidade de fontes de águas  adicionadas”, critica o proprietário da Água Vitória, enato Barreira.

Yaskara Ferreira, da Flor D%u2019Água, adicionada de sais que consta no cadastro da Secretaria da Saúde EVILÁZIO BEZERRA
Yaskara Ferreira, da Flor D%u2019Água, adicionada de sais que consta no cadastro da Secretaria da Saúde EVILÁZIO BEZERRA

De janeiro de 2012 a maio de 2017, o número de marcas de águas adicionadas de sais mais que quadruplicou no Ceará. Há cinco anos, eram 30 regularizadas pela Vigilância Sanitária. Hoje, este número saltou para 113. Enquanto isso, a quantidade de empresas de água mineral passou por uma retração no período, caindo de 18 para 16, conforme indica lista atualizada e divulgada mensalmente pela Sesa. O critério para estar na lista é ter alvará sanitário – com validade um ano – atualizado. Bem tratada é saudável O principal motivo para o crescente surgimento de marcas de água adicionadas de sais é a facilidade para instalar uma unidade produtora, aponta José Júlio, presidente do Instituto Água (IA). “É muito mais simples do que o que é exigido para a água mineral, que é retirada por meio de um sistema de alto controle de assepsia, de qualidade microbiológica”. Entretanto, pondera que, se bem tratada, a água adicionada de sais também tem qualidade e é saudável.
Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam), Carlos Alberto Lancia diz que, embora a produção de água adicionada de sais esteja liberada há 21 anos no Brasil, ainda não há uma regulamentação específica e detalhada do processo produtivo. “É desleal. Uma água mineral vai custar cem vezes mais por conta da tubulação de inox, maquinário, mas a adicionada de sais é mais barata. Isso existe por falta de fiscalização”.
Em nota enviada a Sesa informou que a Vigilância Sanitária realiza inspeções, conforme a solicitação de alvarás sanitários, renovados anualmente. E que “os critérios de fiscalização são os mesmos para ambas as águas (mineral e adicionada de sais), de acordo com a legislação específica de cada atividade”.

LIGIA COSTA

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