Cid pede a lideranças do PDT engajamento na campanha de Haddad

O senador eleito Cid Gomes (PDT) afirmou ontem que está pedindo a lideranças de seu partido que se empenhem na reta final da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência. O envolvimento contrasta com a ausência do irmão dele, Ciro Gomes (PDT), no Exterior desde o fim do 1º turno, e com a determinação do PDT de não mobilizar lideranças e militantes para eleger o candidato petista.
 
A falta de engajamento do partido brizolista na campanha é tratada pelo PT cearense como assunto superado. “Eu estou publicamente defendendo o nome do Haddad. Gravei vídeo, colei adesivo, estou ligando para lideranças do meu partido pedindo o empenho deles nessa reta final”, afirmou Cid.
 
Entretanto, o Ferreira Gomes disse estar evitando participar de eventos com a presença de militantes petistas pela “possibilidade de uma vaia, o que já aconteceu”. A declaração se refere a bate-boca durante ato pró-Haddad no último dia 15. Na ocasião, ele fez graves críticas ao PT, acusando o partido de aparelhamento e chegou a chamar de “babacas” e “otários” os que protestavam contra o seu discurso.
 
Segundo o deputado federal José Guimarães (PT), coordenador da campanha de Haddad no Ceará, o episódio é “página virada”. A ausência dos Ferreira Gomes nos palanques e a declaração de apoio crítico são vistas como uma postura “dentro da normalidade”, que não causa nem frustração nem alegria.
 
“O que está em jogo não é o PT, é a democracia, é o País, é o estado democrático. O que está em jogo é a democracia versus ditadura militar travestida de democracia”, afirma Guimarães.
 
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi reiterou “apoio crítico” ao candidato petista. “Vamos votar no Haddad, mas a direção não vai se envolver na coordenação de campanha”, declarou, acrescentando que “os filiados (do PDT) estão todos liberados para fazer campanha”.
 
CID diz que tem apoiado Haddad enquanto Ciro viaja de férias Fco FonteneleO apoio dos irmãos Ferreira Gomes poderia ter o condão de proporcionar a transferência de 12,47% do eleitorado, que correspondem aos votos recebidos por Ciro, além de conquistar novos votos.
 
Entretanto, o presidenciável do PDT continua de férias no Exterior, desde a derrota na primeira fase do pleito eleitoral. Sem dar entrevistas desde então, Ciro respondeu a perguntas de uma brasileira, a gestora cultural Érika Capelo, na última sexta-feira, 19.
 
De acordo com a coluna de Mônica Bergamo publicada ontem na Folha de S. Paulo, Érika encontrou Ciro no metrô de Paris e perguntou a ele por que não está no Brasil. O pedetista respondeu a ela que “realmente está muito difícil” e que o Brasil “está doente”. E continuou: “Mas eu estou muito cansado. Estou batalhando há três anos. E não dá mais”.
 
Segundo Érika, Ciro disse também que o PT “errou” porque preferiu “disputar com Bolsonaro no 2º turno”. Ela perguntou ainda se ele gostaria de ter recebido o apoio do PT. Ciro elogiou Haddad, mas comentou que a esquerda deveria ter debatido para escolher o candidato mais apropriado para esse momento.
 
A previsão é que Ciro chegue do Exterior na sexta-feira, conforme informou Cid. Entretanto, ele não soube dizer se o irmão participará de alguma atividade da campanha de Haddad. “Não sei, lhe digo com toda franqueza que não falei nenhuma vez com o Ciro desde que ele viajou”.

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