Fazenda Talismã: conheça a propriedade luxuosa do cantor Leonardo que entrou na lista do trabalho escravo
Avaliada em R$ 60 milhões, a principal atividade da fazenda é a pecuária bovina. Além disso, a propriedade ainda tem mansão, cavalos, lago e até igreja.
Avaliada em R$ 60 milhões, a luxuosa fazenda do cantor Leonardo é uma das propriedades incluída na “lista suja” do Governo Federal após seis trabalhadores serem encontrados em situação análoga a escravidão em fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Fazenda Talismã fica na cidade de Jussara, na região noroeste de Goiás; conheça mais sobre a propriedade abaixo.
Ao g1, a assessoria do cantor disse que o caso foi julgado e se refere a uma parte da fazenda que estaria arrendada para uma pessoa que estaria realizando o plantio de soja. Disse ainda que o cantor não tinha conhecimento das práticas de trabalho escravo.
Com mil hectares, a principal atividade da fazenda é a pecuária bovina. Nela, vivem mais de 5 mil cabeças de gados, que estão disponíveis para recria, engorda e vendas em leilões. A fazenda recebe o nome Talismã, um dos maiores sucessos da dupla Leandro & Leonardo, de 1990.
A influenciadora e nora do cantor, Virgínia Fonseca, publicou no canal oficial dela no YouTube uma tour para mostrar tudo da fazenda; veja fotos abaixo. “Se a gente for de uma ponta a outra, é uma caminhada”, afirma Virgínia sobre o tamanho da propriedade, usada por toda a família e amigos de Leonardo para lazer.
O local possui uma mansão, quadras esportivas, cavalos, lago, jetski, quadriciclo, igreja, piscina, área de jogos, churrasqueira, curral. “Pessoal aqui joga futvôlei aqui. Tem muitos quartos e aqui é muito confortável e aconchegante. Aqui é muito grande”, enfatiza Virgínia durante o tour.
‘Lista suja’
Segundo documento do Ministério do Trabalho e Emprego ao qual o g1 teve acesso, as fazendas Lakanka e Talismã, que pertencem a Emival Eterno da Costa (nome verdadeiro de Leonardo) foram alvos de fiscalização entre 18 e 29 de novembro de 2023.
Durante a ação, foram constatadas diversas irregularidades trabalhistas, incluindo a manutenção de trabalhadores em condições análogas à escravidão. Dos 18 trabalhadores encontrados, seis foram resgatados por estarem em condições degradantes, incluindo um adolescente de 17 anos realizando trabalho proibido.
O documento explica que, entre as irregularidades encontradas, estavam a falta de registro formal de empregados, ausência de contratos de trabalho e não anotação nas carteiras de trabalho.
Também foram constatadas condições precárias de alojamento, como falta de instalações sanitárias adequadas, falta de acesso à água potável, alimentação em condições insalubres, na Fazenda Lakanka, e ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs) na Fazenda Talismã.
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Segundo documento do Governo Federal, os trabalhadores viviam em uma casa abandonada, improvisando locais para dormir, com telhado danificado, infestação de morcegos e más condições de higiene e segurança.
O valor das rescisões pagas aos trabalhadores resgatados foi de R$ 39.157,50, e o valor do dano moral individual estabelecido foi de R$ 225 mil. Mas o documento não detalha valores específicos de multas aplicadas por cada infração.
Defesa diz que cantor ‘não era responsável’ por trabalhadores
Leonardo, por meio de sua assessoria e defesa, nega envolvimento com o caso. Pedro Vaz, advogado do cantor Leonardo, falou ao g1 que a situação causa estranheza porque, desde 22 de agosto de 2022, a área em questão está arrendada para o cultivo de soja, não sendo, portanto, de responsabilidade de Leonardo a gestão dos funcionários envolvidos.
Segundo a defesa do cantor, quando o Ministério Público do Trabalho se manifestou, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado, e “todos os problemas foram resolvidos”, mesmo sem serem de responsabilidade direta de Leonardo, dado o arrendamento da fazenda.
Também de acordo com o advogado, as indenizações devidas foram pagas, e o acordo proposto pelo Ministério Público foi aceito, resultando no arquivamento dos processos.
Como a matrícula estava em nome do Leonardo, o Ministério Público do Trabalho propôs a ação. Na audiência, a gente apresentou o contrato de arrendamento e aí tudo foi esclarecido, mas pra que evitasse qualquer tipo de problema, nós pagamos todas as verbas indenizatórias naquele momento mesmo e tudo ficou sanado”, afirmou o advogado.
A defesa informou que “estão sendo tomadas as medidas necessárias para remover o nome de Leonardo da lista mencionada”.
No mesmo dia em que a lista foi atualizada com seu nome, Leonardo usou as redes sociais para se manifestar sobre o assunto. O cantor lamentou a situação dizendo que não sabia do que estava acontecendo, já que arrendou a terra. Ele também reforçou que ‘jamais faria isso’.
“Gente, eu já plantei tomate, eu sei como é que é. A vida é difícil lá. Eu, do meu coração, jamais, jamais faria isso. Então, eu acho que há um equívoco muito grande sobre a minha pessoa. Eu não me misturo, eu não me misturo nessa lista aí que eles fizeram aí de trabalho escravo”, afirmou.

