Neurologista do HRN destaca importância da nova diretriz sobre pré-hipertensão na prevenção do AVC

Uma nova diretriz endossada por três sociedades médicas brasileiras — Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) — redefiniu os limites da pressão arterial. Agora, valores entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9 (120-139 mmHg sistólica e/ou 80-89 mmHg diastólica) passam a ser considerados pré-hipertensão e não mais níveis normais. A medida tem como objetivo intensificar ações de prevenção antes que a hipertensão se instale, reduzindo riscos de complicações graves como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o infarto.

Para o médico neurologista e coordenador da Unidade de AVC (UAVC) do Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em Sobral, Espártaco Ribeiro, a mudança representa um avanço importante no cuidado à saúde cardiovascular. “Controlar melhor a pressão arterial para níveis ainda mais baixos significa menor risco de ter um AVC e um infarto do coração. Esses novos valores trazem maior segurança no controle do principal fator de risco das doenças vasculares”, explica.

Segundo o especialista, a pré-hipertensão funciona como um alerta para o paciente mudar hábitos e evitar a progressão da doença. “Assim como existe o pré-diabetes, essa classificação busca chamar a atenção de quem tem a pressão um pouco acima do ideal, para que não evolua para um quadro de hipertensão estabelecida”, ressalta o neurologista.

O médico lembra que a hipertensão não controlada é o principal fator de risco para o AVC, que continua entre as principais causas de mortalidade no Brasil. Fatores como sedentarismo, má alimentação, tabagismo e noites mal dormidas favorecem o aumento da pressão.

Unidade de AVC do HRN: referência no interior

Desde outubro de 2022, o HRN conta com uma unidade especializada no atendimento de pacientes com AVC, que já realizou mais de duas mil internações e 304 trombólises até setembro de 2025. O serviço dispõe de leitos para AVC Agudo, Subagudo e Enfermaria Clínica Cirúrgica e funciona com neurologistas de plantão e equipe multiprofissional treinada, além de exames de imagem e procedimentos de alta complexidade antes disponíveis apenas em Fortaleza.

“O atendimento rápido é essencial. O ideal é que o paciente chegue ao hospital em até quatro horas e meia após o início dos sintomas. Quanto mais cedo for feito o tratamento, maior a chance de reversão do quadro e menor o risco de sequelas”, destaca Espártaco Ribeiro.

A unidade é responsável pela implementação do tratamento de trombólise endovenosa, o mais eficaz para o AVC isquêmico — que representa cerca de 85% dos casos. O atendimento pode ocorrer via Samu 192 Ceará ou diretamente pela Emergência do HRN.

Um exemplo recente é o caso da dona de casa Margarida Pinto de Siqueira, 78 anos, moradora do distrito de Patos, em Sobral. Hipertensa e diabética, ela sentiu um mal-estar e turvação visual, seguida de paralisia facial. Após atendimento no Centro de Saúde da Família da localidade, foi encaminhada rapidamente ao HRN, onde recebeu o medicamento trombolítico.

“Eu sou bem ativa em casa e de repente tive uma tontura depois dos meus afazeres. Me socorreram rapidamente e aqui estão me tratando muito bem. Daqui a pouco estarei em casa e vou me cuidar ainda mais”, relatou a paciente, que segue estável e acompanhada por uma equipe multiprofissional.

O acompanhamento contínuo é parte fundamental da recuperação, explica o neurologista. “O tratamento do AVC não termina nas primeiras horas. É essencial identificar a causa, prescrever as medicações adequadas e garantir a reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e apoio psicológico”, conta.

Programa Angels

Na última quarta-feira (22), o HRN recebeu uma simulação realística promovida pelo Programa Angels, iniciativa global da Boehringer Ingelheim que atua na qualificação de centros especializados em AVC em todo o mundo. A ação envolveu o transporte do Samu 192 Ceará e acolhimento de um paciente fictício com sinais de AVC, com o objetivo de avaliar o fluxo de atendimento de urgência e a resposta da unidade hospitalar.

A Unidade de AVC do HRN já possui certificação Angels Awards Platinum Status, reconhecimento internacional que comprova a qualidade assistencial e os resultados clínicos alcançados.

De acordo com a coordenadora de enfermagem da UAVC, Giovanna Randal, a participação em simulações e capacitações contínuas reforça o compromisso do HRN com a excelência no atendimento. “Essas ações são fundamentais para manter o nível de excelência e garantir que cada minuto conte quando se trata de salvar vidas. Além disso, Sobral está sendo avaliada para receber a certificação internacional de Cidade Angels, pela promoção de cuidados qualificados e integrados no atendimento ao AVC, e o HRN tem papel essencial nesse processo”, destaca.