Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) como presidente, Michel Temerdefendeu nesta terça (20) a legitimidade do processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff e disse que no Brasil ninguém está imune à ação da lei.
“O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e conduzido peloCongresso Nacional e pela Suprema Cortebrasileira, que culminou em um impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional. Não há democracia sem Estado de direito -sem normas que se apliquem a todos, inclusive aos mais poderosos”, disse Temer.
Segundo o presidente, o Brasil vive um processo de “depuração política”, que demonstra a força de suas instituições.
“Temos um Judiciário independente, um Ministério Público atuante, e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever. Não prevalecem vontades isoladas, mas a força das instituições, sob o olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente livre”, afirmou.
O presidente também ressaltou a importância de retomar o crescimento econômico, o que exigirá “responsabilidade fiscal” e responsabilidade social”. Nesse momento, Temer aproveitou para ressaltar o papel central em sua política econômica do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), com o qual o governo busca tornar mais ágil o modelo de concessões e privatizações.
“Nossa tarefa, agora, é retomar o crescimento econômico e restituir aos trabalhadores brasileiros milhões de empregos perdidos”, afirmou. “A confiança já começa a restabelecer-se, e um horizonte mais próspero já começa a desenhar-se. Nosso projeto de desenvolvimento passa, principalmente, por parcerias em investimentos, em comércio, em ciência e tecnologia. Nossas relações com países de todos os continentes serão, aqui, decisivas.”
A menção ao impeachment e à transição política no Brasil foi feita no fim de um discurso em que Temer falou sobre as prioridades do país em política externa e cobrou mudanças da ONU para que a entidade possa lidar com o “déficit de ordem” que há no mundo.
Para isso, reiterou uma antiga reivindicação do Brasil, a reforma do Conselho de Segurança.
“Queremos uma ONU de resultados, capaz de enfrentar os grandes desafios do nosso tempo. Nossos debates e negociações não podem confinar-se a estas salas e corredores”, disse. “Os semeadores de conflitos reinventaram-se. As instituições multilaterais, não. O Brasil vem alertando, há décadas, que é fundamental tornar mais representativas as estruturas de governança global, muitas delas envelhecidas e desconectadas da realidade. Há que reformar o Conselho de Segurança da ONU.”
Jornalista, editor chefe e blogueiro raiz