O tema da doação de órgãos está cada vez mais presente nas discussões sociais, em especial entre quem precisa de um transplante. A boa notícia é que um único paciente pode salvar até dez vidas. É possível doar rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas e também tecidos, como ossos e córneas. Na região Norte do Estado foram 14 doações de múltiplos órgãos neste ano, 10 das quais na Santa Casa de Misericórdia de Sobral, de acordo com dados da Organização de Procura de Órgãos (OPO). O Hospital está realizando a VI Semana de Sensibilização à Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes e o VI Fórum de Doação de Órgãos desde a última segunda-feira, 26, até a sexta-feira, 30, no Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão do hospital.
Na abertura do VI Fórum de Doação de Órgãos, na última terça-feira, 27, a coordenadora adjunta da OPO da Santa Casa, enfermeira Rejânia Ávila, ressaltou que o grande objetivo é que as famílias entendam a importância da doação de órgãos. “Nossa meta é aumentar o conhecimento da doação de órgãos para que as pessoas possam doar e a fila de pacientes à espera por um transplante possa ser reduzida”, destacou. A OPO é coordenada pelo médico Luiz Derwal Salles Júnior.
O primeiro dia da programação do Fórum contou com uma mesa redonda com o tema “Competências Multiprofissionais na Dinâmica do Processo de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes”. A mediação foi do coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão da Santa Casa de Sobral, enfermeiro Paulo Henrique Alexandre. Participaram da mesa a integrante da OPO e enfermeira no Hospital Dom Walfrido, Márcia Maria de Lima Abreu,o coordenador da equipe de transplante de córneas da Santa Casa e responsável técnico pelo Banco de Olhos, Ribamar Fernandes, além da coordenadora do Serviço Social da Santa Casa, Marfisa Mont’Alverne Frota.
A doação precisa ser autorizada pela família do paciente que teve morte encefálica. Para comprovar a morte cerebral do paciente são necessários dois exames clínicos e um complementar, o Eletroencefalografia (EEG). O médico e um assistente social fazem a comunicação do falecimento do paciente e, após um período de luto da família, procedem à entrevista para explicar que os órgãos podem ser doados e identificar se a família deseja doá-los. O paciente permanece em ventilação mecânica dos órgãos até a parada cardíaca. “O mais importante é que a família esteja confortável com a decisão”, explicou Marfisa Mont’Alverne. De acordo com ela, muitas famílias não entendem as etapas da doação, o que dificulta o processo.
Alguns órgãos precisam ser doados logo após o diagnóstico de morte encefálica, antes da parada cardíaca, como coração, pulmões, fígado e pâncreas. Os rins precisam ser retirados até 30 minutos após a parada cardíaca. Córneas e ossos podem ser até seis horas depois da parada.
A enfermeira Márcia Maria explicou que os enfermeiros atuam em todos os processos, desde a indicação do possível doador, da abertura ao encerramento do protocolo de morte encefálica, além de entrar em contato com a Central de Transplante do Estado.
Programação
O VI Fórum de Doação de Órgãos segue até a sexta-feira, 30, com palestras e minicursos sobre o tema. Na quarta-feira, 28, haverá duas palestras à noite cujos temas são “Estratégias de Entrevista Familiar no Consentimento/Autorização para Retirada de Órgãos e Tecidos para Transplantes” com a Palestrante: Marfisa Mont’Alverne Frota de Azevedo e “Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes – Impacto Social” com o Prof° Dr. Vicente de Paulo Teixeira Pinto, diretor do DEPE da Santa Casa de Misericórdia de Sobral.
Na quinta-feira, 29, haverá o minicurso às 7h30 com o tema “Diagnóstico Clínico de Morte Encefálica e Manutenção do Potencial Doador” e “Fisiopatologia e Protocolo Clínico no Diagnóstico de Morte Encefálica; Suporte Hemodinâmico e Controle Endócrino metabólico para Manutenção do Potencial Doador”. À tarde, haverá o minicurso “Comunicação de Más Noticias”. A programação do dia se encerra com o minicurso “Exames Complementares no Diagnóstico de Morte Encefálica”. Na sexta-feira, 30, o encerramento às 19h será com o tema “Captação e Doação de Córneas para Transplantes – Estrutura e Funcionamento do Bancos de Olhos” com Ribamar Fernandes.
Órgão e Tecidos que Podem ser Doados | ||
Órgão/Tecido | Tempo máximo para retirada | Tempo máximo de preservação extracorpórea |
Córneas | 6 horas Pós Parada Cardíaca | 7 dias |
Coração | Antes da Parada Cardíaca | 4 a 6 horas |
Pulmões | Antes da Parada Cardíaca | 4 a 6 horas |
Rins | Até 30 min Pós Parada Cardíaca | até 48 horas |
Fígado | Antes da Parada Cardíaca | 12 a 24 horas |
Pâncreas | Antes da Parada Cardíaca | 12 a 24 horas |
Ossos | 6 horas Pós Parada Cardíaca | até 5 anos |
Fonte: Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) |