Indústria calçadista do Ceará lidera exportações

Apesar dos efeitos da recessão econômica no País, a indústria cearense de calçados continua se destacando no cenário nacional como a maior exportadora em volume do Brasil no setor. De janeiro a novembro de 2016, foram 40,2 milhões de pares enviados ao exterior, que renderam US$ 227,6 milhões no período. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Embora a quantidade de pares exportados tenha caído 4,8% no acumulado de 2016 em relação aos primeiros onze meses do ano passado (de 42,2 milhões para 40,2 milhões), o faturamento apresentou um crescimento de 2,8% em igual período, passando de US$ 221,4 milhões para US$ 227,6 milhões. Isso pode ser explicado pela valorização de 6,5% do calçado produzido no Estado, cujo preço do par passou de US$ 4,99, em 2015, para US$ 5,32, neste ano.
Em recursos movimentados, o Ceará perde a liderança nacional. Mas só fica atrás do Rio Grande do Sul, que exportou o equivalente a R$ 382,8 milhões de janeiro a novembro de 2016. O estado sulista experimentou um crescimento de 17,7% nas exportações em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram exportados US$ 325,3 milhões. Em volume, o crescimento foi ainda maior: de 41,9%, passando de 17,8 milhões de pares, em 2015, para 25,3 milhões neste ano.
Mesmo com uma queda de 12% em volume e 11,4% na receita gerada pelas exportações de calçados, São Paulo seguiu como o terceiro maior exportador do Brasil, conforme os dados apurados pela Abicalçados.
Entre janeiro e novembro, os calçadistas paulistas embarcaram 8,45 milhões de pares rumo a destinos internacionais, os quais representaram um montante de US$ 98,62 milhões.
Crescimento
No País, o mês de novembro seguiu a tendência de alta das exportações de calçados, com a embarcação de 11 milhões de pares que geraram US$ 84,2 milhões, 12% e 12,7% mais do que em novembro do ano passado. Com isso, nos 11 primeiros meses deste ano, os calçadistas já somaram a exportação de 108,2 milhões de pares, que equivalem a US$ 871 milhões – números superiores ao ano passado tanto em volume (1,6%) quanto em dólares (3,6%).
O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, ressalta que as exportações de calçados do segundo semestre “salvaram” a indústria de um ano ainda mais difícil, já que, no mercado brasileiro, as vendas registraram uma retração de 11% até o mês de outubro.
“As coleções de primavera-verão, comercializadas a partir do segundo semestre de 2016, somadas à valorização do dólar, permitiram que o ano não fosse perdido também nas exportações”, destaca, ponderando que a base de comparação ainda é muito fraca para se falar em retomada no mercado externo.
Apoio
Segundo o dirigente, além da alta da moeda norte-americana, ajudaram no incremento dos embarques as ações do Brazilian Footwear, braço internacional da entidade promovido em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que possibilitou a participação de marcas brasileiras nas principais feiras internacionais do mundo ao longo do ano.
Por outro lado, o executivo comenta que, não fosse a constante oscilação cambial, as exportações poderiam ter logrado resultados ainda superiores. “As inconstâncias políticas e econômicas no Brasil e no mundo fez com que dólar variasse diariamente e de forma abrupta, o que prejudicou muitas das negociações”, avalia, lamentando a inconstância da economia nacional ao longo do último ano.
Destinos
Principal destino do calçado brasileiro nos 11 meses de 2016, os Estados Unidos importaram 11,4 milhões de pares nacionais que geraram US$ 195 milhões, resultados superiores tanto em pares (16,6%) quanto em receita (17,6%) no comparativo com igual período de 2015. A Argentina foi o segundo destino do calçado brasileiro no período: foram embarcados 9,15 milhões de pares por US$ 106,62 milhões, resultados superiores em pares (19,2%) e em dólares (65%) na comparação com o ano passado.
O terceiro destino internacional da produção brasileira no período foi a França, para onde foram embarcados 7,52 milhões de pares que geraram US$ 48,14 milhões, incrementos de 12% em pares e 7% em dólares no comparativo com o mesmo período de 2015.
Com Informações de Yoharana Pinheiro