A organização mundial de Saúde (OMS) define como idosos os indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, considerando que após este período o indivíduo passa a manifestar problemas de saúde característicos do processo de envelhecimento. Existe ainda, como forma de classificar o idoso, uma variação de idade para países desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo para os primeiros destacada a idade de 65 anos e os segundos a idade de 60 anos. De acordo com estudos, a taxa de fecundidade (nascimentos) diminui exponencialmente no Brasil, enquanto que o envelhecimento aumenta a cada ano. Em 1980, por exemplo, a taxa era de 16 idosos para 100 crianças e no ano 2000, 30 idosos para 100 crianças. Significa que o número de idosos cresce a cada ano, e no Brasil, esse envelhecimento populacional é o mais rápido do mundo.
Segundo estatísticas projetadas pela OMS, o Brasil será a sexta maior população de idosos do mundo em 2025, ascendendo de uma porcentagem que está em 8,6%, aproximadamente 15 milhões de pessoas, para um contingente de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, tendo como maioria as mulheres, com média de idade de 79 anos. Sabemos que o envelhecimento é um processo natural e que este vem acompanhado das chamadas doenças crônico-degenerativas, que acabam por incapacitar em muitos casos essas pessoas, o que nos obriga a estar aptos para atender de forma inteligente esta população, atendendo suas necessidades de forma mais efetiva. No tocante às doenças da coluna, segundo informações da própria OMS, 80% da população mundial já sofreu ou sofrerá de dores nessa estrutura de suporte do nosso corpo. Com esses números, sabendo que a população mundial está envelhecendo, e somando ao fato de que o envelhecimento agride de forma relevante a coluna vertebral, nós profissionais da área de saúde temos que estar preparados para atender de forma efetiva esta demanda. Idosos com dores intensas na coluna vertebral e muitas vezes incapacitantes, não são novidades no dia a dia dos consultórios. Mas será que toda dor deve ser tratada com remédios? Se a degeneração das estruturas da coluna (articulações, discos intervertebrais) que acompanha o envelhecimento faz parte deste processo, será possível curar essas dores?
Quem convive de perto com idosos sabe da quantidade de medicamentos que eles “precisam” tomar todos os dias. São medicamentos para controlar a pressão arterial, o diabetes, remédios para dormir e por aí vai. E se esse o idoso também sente dores frequentes na coluna, mais remédio para ele!
Alguns especialistas que tratam especificamente de pessoas na terceira idade afirmam que na maioria das vezes, os idosos acabam tomando muitos medicamentos na tentativa de se anular os efeitos colaterais de outros, e dessa forma a quantidade de comprimidos diários só aumenta. Nesse sentido, devemos trabalhar pensando em reduzir, da forma mais segura possível para o paciente, a quantidade de remédios que ele toma. A dor, por exemplo, pode ser muito bem controlada com fisioterapia, ao invés de analgésicos, e a fisioterapia manual, onde se utiliza somente as mãos para tratamento, é uma excelente forma de trabalho para esses pacientes. Depois de encaminhado pelo médico, o paciente idoso passará a ter contato intenso com o fisioterapeuta, com atendimentos que podem chegar de 3 a 4 vezes por semana, sendo assim, muitas vezes o fisioterapeuta vai conhecendo mais o paciente, descobrindo suas limitações, suas rotinas diárias e atuando não apenas na dor, mas tentando devolver ao paciente sua máxima capacidade funcional e independência, muito importantes para o idoso. É importante ter em mente que a dor é multifatorial, que é o que defende os estudos mais recentes acerca desse assunto, desencadeada não apenas por fatores relacionados à doença, mas muitas vezes por fatores emocionais, de trabalho, má-postura, o que denominamos “fatores biopsicossociais”. Com base nisso, todo tratamento deve ser holístico, enxergando o paciente em sua globalidade, caso contrário, estaremos fadados ao insucesso terapêutico.
Este raciocínio é a base do nosso modelo de tratamento, denominado de Reconstrução músculo-articular da coluna vertebral, onde associamos a utilização de equipamentos computadorizados para promover a descompressão da coluna vertebral, com os benefícios da terapia manual e de exercícios terapêuticos. Os pacientes são avaliados e classificados em grupos seguindo os padrões internacionais de classificação, onde são respeitados os sinais e sintomas relacionados à dor na coluna vertebral. Após essa etapa iniciamos trabalhos voltados para as articulações, melhorando os movimentos articulares; Alongamentos que aliviam a tensão e melhoram a função dos músculos; exercícios específicos para os músculos que dão sustentação a coluna; exercícios específicos que melhoram a função dos músculos que controlam os movimentos e por fim orientações de postura no dia a dia para que o idoso conheça melhor seu corpo e saiba utilizá-lo de forma independente e sem esforço, melhorando sua autoestima e qualidade de vida, que serão mantidos em longo prazo, através da prática sistemática de atividade física sob a supervisão de profissionais capacitados para esta população.