Primeira Pousada Social será inaugurada no interior do Estado
Invisibilizadas, à mercê da violência e do consumo de álcool e outras drogas, pessoas em situação de rua de Juazeiro do Norte terão acesso a uma política pública inédita no interior do Estado: a pousada social. Com custo mensal de aproximadamente R$ 20 mil, oriundos de recursos do próprio Município, o equipamento ofertará 20 alojamentos – 15 para homens e cinco para mulheres – para dormirem todos os dias, incluindo os fins de semana. A expectativa é que seja entregue neste mês de março.
Juazeiro é um dos municípios que mais cresce no Nordeste. O fenômeno das romarias acaba tornando a cidade em constante peregrinação. A pujança e busca por uma vida melhor são atrativos. Um dos tantos que enxergaram, na terra do Padre Cícero, a oportunidade de dias melhores, foi o pernambucano Francicarlos da Silva, de 53 anos. Após peregrinar por várias cidades, chegou a Juazeiro do Norte em 2018 para trabalhar na romaria. A estada temporária, no entanto, foi estendida e Francicarlos passou a morar nas ruas da maior cidade do interior. Hoje, o recifense recebe apoio do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua, o Centro Pop, inaugurado em 2013. O Centro Pop é uma unidade voltada para o atendimento especializado à população em situação de rua. Lá, eles recebem atendimentos individuais e coletivos, oficinas, atividades de convívio e socialização. Em Juazeiro, o equipamento conta com assistente social, advogado, psicólogo e pedagogo. Com a inauguração da Pousada Social, Francicarlos, a exemplo de outras pessoas em situação de rua, passará a receber assistência integral.
Integração
Diretora de Proteção Social Especial, Raquel Pinheiro, explica que o Centro Pop, a menos de dois quarteirões da Pousada, vai referenciar o público do novo equipamento. “Para não cometermos injustiças, todos os dias vai ter a solicitação para dormida. Na sexta, haverá encaminhamento para sábado e domingo”, descreve. Diariamente, os usuários vão receber um kit com travesseiro, lençol e toalha de banho. Devolvem pela manhã e será reposto no dia seguinte.
O prédio, que foi alugado, está quase todo pronto. As camas já foram todas montadas. Resta apenas concluir a licitação de alguns itens como lençóis, travesseiros e ventiladores. A equipe da Pousada contará com quatro vigias, um coordenador, um auxiliar administrativo, duas auxiliares de serviços gerais e um facilitador, que mediará oficinas e espaços de convivência aos assistidos. O número de vagas, admite Raquel, ainda é pouco.

“O ideal era o dobro ou talvez o triplo. Mas é um pontapé inicial”, acredita. “É um espaço que vai dar segurança, e garantir bem-estar. Quem está na rua está à mercê do que pode acontecer. Aqui é uma forma de acolher, dar a segurança e complementar o que é feito no Pop”, justifica.
Capacitação
O local não será destinado apenas ao descanso. Além de receberem refeições, as pessoas assistidas terão palestras, vacinação, teste rápido de doenças e oficinas, como a produção de sabão, que será utilizada na lavagem de suas próprias roupas. A equipe da assistência social dará apoio aos programas e projetos sociais, como Bolsa Família e, em caso de famílias com crianças, ao aluguel social.
O coordenador do programa, Tiago Figueiredo, explica que a missão da Pousada Social, assim como do Centro Pop, é, também, promover o desenvolvimento dessas pessoas. No âmbito pedagógico, há projeto destinado à alfabetização destas pessoas que querem aprender a ler e escrever.
Além disso, o Centro Pop firmou parceria com o Senai para ofertar cursos profissionalizantes, como encanador e eletricista. Essas capacitações serão estendidas às pessoas assistidas pela Pousada. “Isso facilita também a entrada no mercado de trabalho”, ressalta Tiago.
Deficiência
Apesar da importância social, existem apenas oito Centros Pop no Ceará: Fortaleza (dois), Caucaia, Juazeiro do Norte, Sobral, Crato, Pacatuba e Pacajus. Em Maracanaú, uma unidade foi fechada em abril do ano passado. Ou seja, apenas três unidades estão fora da Região Metropolitana de Fortaleza. Todos são administrados pelas Prefeituras. No interior, dos municípios com população acima de 100 mil habitantes, Itapipoca e Iguatu não possuem estes equipamentos. (Informações do diário do Nordeste)

