Nesta segunda-feira (1), 5 mil livros foram entregues ao sistema prisional cearense para reforçar as ações do projeto Livro Aberto, iniciativa do Governo do Ceará, desenvolvida pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), que incentiva a leitura como um caminho para ressocializar e reduzir a pena de internos. A entrega aconteceu no Instituto Penal Professor Paulo Oliveira II (IPPOO 2), em Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza.
A ação é resultado de uma parceria firmada com a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do projeto Biblioteca Itinerante, desenvolvido pelo Serviço Social da Indústria (SESI). Parceria que, de acordo com o titular da SAP, Mauro Albuquerque, vai ampliar o acervo já existente, que conta com 10 mil obras, e beneficiar os apenados que buscam reescrever suas histórias de vida através da leitura. “Vamos passar de 10 mil livros para 15 mil livros no sistema penitenciário. Onde já tivemos mais de 10 mil presos lendo dentro da cela? Então, a importância do Livro Aberto é fundamental para o sistema penitenciário, dando um novo campo de visão para o interno. O conhecimento é fundamental para a ressocialização”, destacou.
No projeto “Livro Aberto”, o preso escolhe, a cada mês, uma obra literária dentre os títulos selecionados para a leitura. O apenado tem o prazo de 21 a 30 dias para apresentar o relatório de leitura ou resenha. O relatório deve ser elaborado de forma individual, presencial, em local adequado. A resenha que atingir a nota igual ou superior a 6,0 é aprovada pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc). Depois, é levado para a vara judicial para ser avaliado sobre a redução da pena. Ao final de 12 obras lidas e avaliadas, ele terá a possibilidade de remir 48 dias no prazo de 12 meses da pena.
Parceria para transformar histórias
Os 5 mil livros entregues pelo SESI Ceará serão distribuídos em unidades prisionais localizadas na região metropolitana de Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte. A superintendente do SESI Ceará, Veridiana Grotti, explica que o acervo disponibilizado será trocado a cada quatro meses, de acordo com a temática a ser trabalhada durante o período. Ao final do tempo destinado para a leitura, os apenados participarão de uma discussão para avaliar o conhecimento adquirido. “O que a gente espera é que ele [apenado] tenha conhecimento, que ele estude, que ele pegue gosto pela educação, que ele entenda que aquilo transforma a vida dele”, ressaltou.
Atualmente, há 6.500 internos lendo, mensalmente, em 17 unidades prisionais do Ceará. Entre eles está Eugênio Diniz Rabelo, que recebeu, durante a entrega do acervo da Biblioteca Itinerante, o reconhecimento por se destacar como excelente leitor, tendo participado 11 vezes do projeto Livro Aberto, obtendo média acima de 7 nas avaliações. Ele compartilha que tomou gosto pela leitura por conta do projeto. “Quando eu estava lá fora, eu não tinha interesse nenhum em ler livro. Quando cheguei aqui, no início, o interesse foi pelas remissões, mas, depois que eu passei a ler, eu achei interessante porque eu não me sentia capaz de produzir uma redação. Lia por ler, mas quando eu vi, realmente, o objetivo, e testei minha capacidade e conhecimento que eu não sabia que tinha até então”, disse Eugênio, afirmando que não pretende parar de ler.
Essa transformação é acompanhada de perto pela coordenadora de Inclusão Social do preso e do egresso da SAP, Cristiane Gadelha. “Hoje a gente vê que todos que participam conseguem remir sua pena. A ideia é a gente aumentar e manter o leitor, de fato, o ano inteiro na leitura. Então, que todo mês ele tenha acesso ao livro. Ele vem, faz a avaliação e, no dia da avaliação, ele já vai automaticamente ser inscrito no próximo ciclo”, garantiu.
Nesta segunda-feira (1), 415 detentos que cumprem pena no IPPOO 2 participaram da avaliação do projeto Livro Aberto.
Fonte: ceara.gov