Eletricista sofre com problema no olho, e espera há três anos em fila por cirurgia ocular no Ceará

Inacio Iramilson Junior já passou por duas cirurgias, que deixaram sequelas. Ele lida com tontura e dor de cabeça constantes, e já até sofreu acidente de motocicleta devido ao problema.

O eletricista Inacio Iramilson Junior, 39 anos, sofre há três anos com uma lente e a íris solta no olho direito após duas cirurgias de catarata. A sequela ocasiona ainda outros problemas, como dor de cabeça, tontura e prejuízo à visão. Desde o segundo procedimento, realizado em 2019, ele aguarda em uma fila de espera pela cirurgia ocular, mas chegou a regredir recentemente na lista – indo de 73º para 77º.

O caso de Junior, como prefere ser chamado, chamou a atenção do Ministério Público do Ceará (MPCE), que oficiou nesta sexta-feira (16) a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) cobrando esclarecimentos a respeito da posição do paciente na fila de espera. O g1 entrou em contato com a Sesa sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

O eletricista lamentou o regresso na fila de espera pela cirurgia. “Eu já estava triste e fiquei pior. A gente vai achando que estão faltando 30 pessoas e faltam mais de 70. Querendo ou não, isso afeta, me deixa com dificuldade de trabalhar”, reclamou. O eletricista, inclusive, sofreu um acidente na motocicleta que pilotava, no último dia 9 de dezembro, após ficar tonto devido à sequela.

“O que me incomoda é que eu fico tonto, a íris fica balançando, meu olho fica vermelho, eu converso com as pessoas no sol e dá para ver de maneira nítida a íris balançando, eu sinto dor de cabeça. Na última sexta-feira (9), eu caí da moto porque estava tonto e com dor de cabeça por conta do olho”, explicou Junior.

O paciente denunciou à 137ª Promotoria de Justiça de Fortaleza que fez cirurgia em outubro de 2019 no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e, no dia seguinte, ocorreu o deslocamento da lente. Ele passou por outra cirurgia, mas o problema persistiu.

O regresso na fila de espera foi constatado pelo MPCE após questionar a Coordenadoria de Regulação, Avaliação, Controle e Auditoria das Ações e Serviços de Saúde (Corac) da Sesa. Em 1º de setembro, a posição dele correspondia à 73ª. Entretanto, em consulta posterior feita pela Promotoria, nesta quinta-feira (15), foi verificado que a situação havia sido alterada para a 77ª colocação.

Espera pela cirurgia

O MPCE cobrou que, no prazo de 24 horas, a Sesa preste esclarecimentos quanto à razão pela qual o paciente, que aguarda há mais de três anos em uma fila de espera para cirurgia, tem descido posições na fila para realizar o procedimento, ao invés de avançar.

“Eu trabalho com parte elétrica e minha visão força muito. Tem horas que eu não consigo. Um olho atrapalha o outro. Se tem, por exemplo, uma chave no chão, em uma pia, mesa, no meu lado direito, eu não consigo ver”, lamentou o eletricista.
No ofício, o MPCE destacou a gravidade do problema, a espera dele desde 2019 para realizar a cirurgia e o fato de que, conforme informações do HGF, esse tipo de cirurgia está sendo realizada normalmente.

Foto: G1 CE