Após infecção por coronavírus, crianças no Ceará desenvolvem Síndrome Multissistêmica Inflamatória

A Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica (SMIP), já registrada no Ceará, é um dos possíveis efeitos observados por especialistas em pacientes infectados pelo novo coronavírus no estado. Pelo menos 16 crianças que tiveram contato com o SARS-Cov-2 são acompanhadas por cardiologistas e outros profissionais no Hospital Luís de França, em Fortaleza. A síndrome já afetou crianças de diversos países.

Há cerca de três meses, são observados em pacientes com SMIP, febre insistente, dores abdominais, manchas na pele, casos de irritação dos olhos, entre outros sinais, como relata o médico pediatra e diretor do Hospital Luís de França, Caio Malachias.

“Depois de aproximadamente três ou quatro semanas, a criança desenvolve essa patologia que pode ser grave, com evolução com doença cardíaca, inclusive, e requer um tratamento específico”, destaca.

Os médicos dizem que a SMIP possui características similares à Doença de Kawasaki e pode ser vencida com imunoglobulina e procedimentos médicos para evitar sequelas. O diagnóstico é feito com avaliação clínica e exames de sangue.

O Ministério da Saúde, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), publicou nota técnica no fim de maio como alerta para a possível relação da SMIP com o novo coronavírus.

Sintomas intensos

Aos 9 anos de idade, o pequeno José Neto apresentou fortes dores abdominais e foi atendido no Hospital Padre Cícero, em Juazeiro do Norte. O menino foi infectado anteriormente pelo novo coronavírus e já havia recebido alta, mas teve de ser internado entre os dias 8 e 15 de julho devido a intensificação de sintomas como diarreia e o diagnóstico da Síndrome.

De acordo com Felipe Macêdo, médico pediatra responsável pela criança, o paciente começou a apresentar outros sintomas após ser internado. “A gente já estava sabendo que estava tendo alguns casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica e logo pensamos que podia ser isso, e então começamos a investigar mais”, detalha.

Com o agravamento do caso, em que o garoto chegou a ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a equipe médica optou pela transferência do menino para o Hospital Luís França, em Fortaleza.

“Esse tratamento foi iniciado adequadamente no Hospital Padre Cícero, em Juazeiro, mas com a possibilidade da complicação da doença, eles optaram por remover essa criança para Fortaleza. O José Lima Neto deu entrada no hospital com um quadro moderado grave”, comenta Caio Malachias. A evolução foi positiva e sem outras complicações, até o momento da alta médica.

A recuperação também veio para a pequena Antonella Ferreira, de um ano, mas não sem antes passar por uma série de sintomas da Síndrome Multissistêmica, para a preocupação da mãe Brena Ferreira.

No início de julho, a bebê deu entrada no Hospital São Raimundo com febre alta insistente e falta de apetite. “Ela começou a ter picos de febre durante cinco dias. Ela acordou, no dia que eu levei para o hospital, com 39°C de febre. Eu dei remédio e ela dormiu, mas acordou com 39,4°C e, quando eu olhei de novo, já estava com 40°C”, lembra a mãe de Antonella.

Durante os 11 dias em que esteve internada, a bebê teve febre, aparecimento de manchas na pele e quadro de diarreia, e recebeu tratamento com a imunoglobulina. “Furaram muito ela, porque não conseguiam achar a veia. Já que ela estava desidratada, ela também teve de ir ao Centro Cirúrgico para colocar um acesso central (procedimento para aplicação de medicamentos)”, lamenta Brena.

O teste feito anteriormente para detectar o novo coronavírus teve resultado negativo, mas a menina deve passar por uma nova avaliação e exame.

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