Assassinato do prefeito de Granjeiro | ‘Não é descartada nenhuma das hipóteses’, afirma delegado

Desde que o prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto (PL), o ‘João do Povo’, 54, foi executado, na última terça-feira (24), a Polícia Civil do Ceará (PCCE) realiza levantamentos com diversas equipes para descobrir a motivação e a autoria do homicídio. Entre as linhas de investigação estão a atuação política na região e a hipótese de crime passional.
Ao ser questionado ontem sobre as duas possibilidades apuradas pela reportagem, o diretor de Departamento de Polícia Judiciária do Interior Sul (DPJI-Sul), delegado Ricardo Pinheiro, confirmou que “não é descartada nenhuma das hipóteses”, mas não quis entrar em detalhes sobre as duas linhas de investigação. “Estamos levantando todas as possibilidades. Não descartamos outras hipóteses também”, completou.
Entretanto, o delegado indicou que as provas não levam a crer que os criminosos pretendiam assaltar ‘João do Povo’ – o que configuraria tentativa de latrocínio – já que nenhum pertence foi roubado. O prefeito foi morto a tiros quando caminhava ao lado do Açude Junco, próximo à sua casa.
A Polícia suspeita que um veículo Renault, filmado por câmeras de monitoramento nas proximidades da cena do crime, tenha sido utilizado pelos criminosos. O governador Camilo Santana determinou “rigor absoluto nas investigações, com reforço de equipes na região, para que os criminosos sejam identificados e presos o mais rápido possível”.
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Pelo menos cinco testemunhas já foram ouvidas no Inquérito Policial sobre o homicídio. Entre elas estão a companheira e o motorista da vítima, as únicas pessoas que estavam na residência do prefeito, a metros de distância do crime. “As testemunhas são pessoas que conhecem a história da vítima, relacionamentos, situações possíveis e se vinha sofrendo ameaças”, explica Ricardo Pinheiro.
Irmão da vítima, Cícero Gregório afirmou ao Sistema Verdes Mares, na terça-feira (24), que o prefeito não comentou nada com a família sobre ameaças de morte. Porém, um vereador do Município e amigo de ‘João do Povo’, após sair com ele nos últimos dias, comentou com Cícero que o notou “meio diferente”. O prefeito costumava andar com seguranças. “Não tinha rixa com ninguém, nunca brigou com ninguém. Não deve pra ninguém”, ponderou o irmão.
A investigação está centralizada no Núcleo de Homicídios e Proteção à Pessoa (NHPP) da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, onde as pessoas prestam depoimento sobre o caso. Colaboram com as apurações o DPJI-Sul e a Delegacia Regional de Iguatu. Depois, o caso deve ser transferido para a Delegacia Municipal de Caririaçu – responsável pelo território de Granjeiro. Equipes da PM de Cariús, Cedro, Iguatu, Juazeiro do Norte e Várzea Alegre estão mobilizadas nas buscas pelos suspeitos.
Bricolagem
João Gregório Neto era investigado na Operação Bricolagem, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria Geral da União (CGU) no dia 21 de novembro de 2018, por suspeita de fraudes em licitações de obras em escolas da Prefeitura de Granjeiro.
Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão, a PF apreendeu R$ 213 mil em espécie guardados em caixas de sapato, na residência do prefeito. Segundo as investigações, ‘João do Povo’ movimentou cerca de R$ 26 milhões na conta bancária de um parente beneficiário de aposentadoria rural, em um intervalo de dois anos.
“Além do desvio, do próprio crime de fraude, ainda há a lavagem de dinheiro. Fora a questão social, um município pobre, com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixíssimo. São indícios muito fortes de desvios”, destacou a delegada da PF, Josefa Maria Lourenço da Silva, à época da deflagração da Operação.
A defesa do prefeito assassinado emitiu uma nota de esclarecimento, na última terça-feira (24). No documento, o advogado Igor César Rodrigues dos Anjos afirma que o cliente “era cidadão de bem, trabalhador, empresário e, acima de tudo, amigo de todos”.
Sobre a Operação Bricolagem, o advogado rebateu que o prefeito “passou a ser vítima de perseguições políticas, especialmente por aqueles que almejavam o cargo então ocupado. Resultado dessa perseguição foram as falsas acusações de fraude, que vinham sendo alvo de investigações, sem oferecimento de qualquer denúncia até então”.
Prefeitos e ex-prefeitos assassinados no Ceará
– 1972: Armando Arraes Feitosa, então prefeito de Aiuaba;
– 1977: Expedito Leite, então prefeito de Iracema;
– 1981: Joaci Pontes, ex-prefeito de Caucaia;
– 1982: João Terceiro de Sousa, ex-prefeito de Pereiro;
– 1987: Almir Dutra, então prefeito de Maracanaú;
– 1996: Antônio Gaudêncio Anário Braga, então prefeito de Irauçuba;
– 1998: João Jaime Ferreira Gomes Filho, então prefeito do Município de Acaraú;
– 2010: Antônio Mardônio Diógenes Osório, ex-prefeito de Pereiro;
– 2019: João Gregório Neto, então prefeito de Granjeiro.
Com Informações do Diário do Nordeste