Bares do Ceará reforçam cuidado na compra de bebidas após casos de intoxicação no Brasil

Diante dos recentes casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas no Brasil, bares e restaurantes do Ceará estão intensificando os cuidados na aquisição desses produtos. Apesar de o estado não registrar, até o momento, nenhuma notificação do tipo, a preocupação com a procedência e a segurança das bebidas servidas aos clientes tem motivado novas medidas e estratégias por parte do setor. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE) informou que os estabelecimentos associados estão sendo capacitados para adotar critérios mais rigorosos ao comprar bebidas alcoólicas. A principal orientação é garantir a origem e a qualidade dos produtos adquiridos junto a distribuidores confiáveis ou diretamente da indústria.

“A gente tem feito treinamento, estamos recapitulando treinamento com os donos de bares e restaurantes para comprar só de distribuidoras ou direto da indústria com nota fiscal, com procedência”, afirmou Taiene Righetto, presidente da Abrasel-CE. Ele ainda reforça a importância de observar detalhes que indicam possíveis falsificações: “A gente tem orientado algumas coisas tipo olhar rótulos, se ele está desalinhado, qualidade do papel, lacre, tudo são detalhes fáceis de olhar que realmente trazem uma veracidade maior do que você está comprando.”

Com a repercussão dos casos – registrados em estados como São Paulo e Pernambuco, onde já foram confirmadas três mortes e outras quatro estão sob investigação –, bares de Fortaleza publicaram comunicados em redes sociais para tranquilizar os consumidores sobre os cuidados adotados.

Segundo Righetto, há orientação de que os estabelecimentos adquiram diretamente das fábricas ou de revendedores autorizados. “Dificilmente você vai comprar de algum lugar que não tenha procedência, principalmente quando você fala em destilados”, acrescentou.

Os sintomas de intoxicação por metanol podem surgir em questão de horas ou dias após o consumo. Entre eles estão tontura, náuseas, falta de ar, alterações visuais e respiração acelerada. Em casos mais graves, os efeitos podem ser permanentes.

“A pessoa pode ficar em estado vegetativo, pode ter comprometimento cognitivo grave, pode ter dificuldade de interagir com as pessoas, lesões permanentes no sistema nervoso central”, alerta o neurologista Cássio Batista Lacerda.

A Secretaria da Fazenda do Ceará também chama a atenção para a importância da documentação fiscal no momento da compra. Liana Machado, secretária executiva da Receita Estadual, explica: “A gente tem aconselhado aos contribuintes que procurem adquirir produtos, que têm a procedência, que ele conheça o fornecedor, que haja a emissão de um documento fiscal e esse documento fiscal seja um documento idôneo para evitar exatamente esse tipo de prática.”

A Abrasel reforça ainda a orientação para que consumidores desconfiem de preços muito abaixo do mercado, tanto ao consumir quanto ao comprar bebidas alcoólicas. “Não existe almoço de graça, né? Preço, sempre você tem que desconfiar quando é barato demais, né?”, resume Righetto.

Enquanto autoridades e representantes do setor se mobilizam, a principal recomendação segue sendo a mesma: redobrar os cuidados com a origem das bebidas consumidas ou vendidas, a fim de garantir a segurança de todos.

Fonte: Gcmais