Bíblias com fotos de pastores foram distribuídas em evento do MEC

Em um evento do Ministério da Educação, realizado em julho do ano passado, em Salinópolis (PA), cidade a 220 quilômetros de Belém, exemplares de bíblias foram distribuídos aos participantes. O que chamou a atenção, no entanto, foram fotos dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, e do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que vieram anexadas aos exemplares.

A reunião aconteceu no dia 3 de junho de 2021 e reuniu prefeitos e secretários municipais do Estado, além do próprio ministro e pastores que foram mencionados no suposto esquema de corrupção na pasta. A informação é do jornal Estado de S.Paulo.

Os pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da CGADB, não têm cargo público no ministério. Entrentanto, segundo a denúncia do jornal, participaram por um longo período, de agendas com o ministro Milton Ribeiro.

O prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto de Sena Filho (PL), foi um dos que também teve o rosto estampado no livro religioso, já que “patrocinou” a impressão das bíblias. Ao todo, foram impressas mil livros, a R$ 70 por cada exemplar. A edição ficou a cargo da Igreja Ministério Cristo para Todos, ramo da Assembleia de Deus, do pastor Gilmar Santos, que tem uma gráfica em Goiânia.

Mesmo não tendo cargo, Santos foi anunciado como “autoridade” no evento voltado para a educação. No evento, ele se sentou ao lado do ministro Milton Ribeiro e do presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte.

Prefeitos confirmaram

Ao menos 10 prefeitos confirmaram a existência de um gabinete paralelo da Educação, no qual pastores supostamente atuaram na intermediação de recursos para escolas públicas. O caso foi revelado no início da semana passada pelo jornal Estado de S.Paulo. Dos 10, pelo menos três confirmaram que, em algum momento, escutaram pedidos de propina em troca da liberação de verbas.

Segundo o prefeito de Luís Domingues, no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB), Arilton Moura teria pedido 1 kg de ouro, em uma conversa no restaurante Tia Zélia, em Brasília, após almoço informal com a presença do ministro.

O Ministério Público (MP) solicitou que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue suposta priorização de lideranças evangélicas para agendas e recursos do MEC.

Com a crise na pasta, Ribeiro discutiu com o presidente Jair Bolsonaro no último fim de semana sua licença da pasta, para se defender das acusações de participação em propina. Bolsonaro deseja esse cenário, embora siga dizendo ter convicção da inocência de Ribeiro. A intenção foi revelada pelo colunista Guilherme Amado.

Fonte Metrópoles