Bolsonaro diz ser vítima de perseguição após ser apontado como líder da trama golpista: ‘cerco sem precedentes’

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que é alvo de um ‘cerco sem precedentes’ ao se manifestar pelas redes sociais após a Procuradoria-Geral da República (PGR)pedir pela condenação dele por envolvimento na trama golpista na última segunda-feira. Em um post no X, ele afirmou que passa por uma “perseguição implacável” e comparou a condução do caso à investigação contra Adélio Bispo dos Santos, homem que o esfaqueou durante a campanha presidencial de 2018.

“Perseguição. Implacável. Essa é a palavra que define o tratamento dado a Jair Bolsonaro. Enquanto corruptos são absolvidos, o ex-presidente é alvo de um cerco sem precedentes. O delegado da Polícia Federal responsável pelo caso Adélio, que até hoje segue sem resposta concreta, foi alçado ao cargo de diretor de inteligência da PF no governo Lula. Coincidência? Difícil acreditar”, escreveu Bolsonaro no post, em crítica a Rodrigo Moraes Fernandes, que ocupa o cargo na atual gestão.

Ele também afirmou que teria enfrentado “pesca probatória, quebra de sigilo, buscas e apreensões, devassas, intimidação e prisões para ‘delações” que teriam ocorrido “sem prova de nada”. “O que sobra é apenas a narrativa, a velha farsa do golpe, criada para justificar o uso da máquina do Estado contra um adversário político”, completou.

No post, ele também compartilhou um trecho de sua entrevista concedida ao portal Poder360 ontem, na qual negou a elaboração do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, ele também repetiu a comparação com o “caso Adélio”.

— Ninguém nunca pensou em matar ninguém. Eles não pensaram, tentaram matar ninguém. Se a Polícia Federal tivesse trabalhado 10% do que trabalhou para mim para o Adélio teria descoberto quem mandou me executar — disse.

Pedido de condenação de Bolsonaro

 

Na noite de segunda-feira, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e de sete outros réus da ação penal sobre a trama golpista. A manifestação de mais de 500 páginas foi encaminhada ao STF e reforçou a denúncia apresentada pela PGR em fevereiro, recapitulando os principais pontos da acusação.

Ao falar sobre Bolsonaro, Gonet afirmou que “as evidências são claras: o réu agiu de forma sistemática, ao longo de seu mandato e após sua derrota nas urnas, para incitar a insurreição e a desestabilização do Estado Democrático de Direito”.

“As ações de Jair Messias Bolsonaro não se limitaram a uma postura passiva de resistência à derrota, mas configuraram uma articulação consciente para gerar um ambiente propício à violência e ao golpe. O controle da máquina pública, a instrumentalização de recursos do Estado e a manipulação de suas funções foram usados para fomentar a radicalização e a ruptura da ordem democrática”, disse o PGR.

Gonet também declarou que o ex-presidente “foi o principal coordenador da disseminação de notícias falsas e ataques às instituições, utilizando a estrutura do governo para promover a subversão da ordem”. E concluiu: “portanto, cabe a responsabilização do réu pelos crimes descritos na denúncia”.

Com Informações O Globo