Ceará realiza busca ativa de casos de Sarampo a partir desta quarta, 25

Busca ativa não significa a iminência de um novo surto de sarampo — desde 2022 não há casos de sarampo confirmados no Ceará. Brasil perdeu o certificado de eliminação do vírus em 2019

O Ceará promoverá, a partir desta quarta-feira, 25, a campanha “Dia S de Combate ao Sarampo”. Na ocasião, as unidades de saúde dos 184 municípios do Estado vão atuar na verificação dos históricos de prontuários clínicos para buscar possíveis casos suspeitos não notificados. De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), a intenção dessa busca ativa é evitar a circulação do vírus no Estado.

De acordo com Ana Cabral, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesa, a busca ativa não significa a iminência de um novo surto de sarampo no Ceará. Desde 2022, não há casos de sarampo confirmados no Estado.

“Eventualmente, nós temos casos suspeitos. Isso é normal acontecer, porque o sarampo é considerado uma doença de notificação compulsória, e fazer o monitoramento dela nos permite evitar possíveis surtos”, explica Ana Cabral.

Segundo a coordenadora, as unidades de saúde municipais vão aderir a essa iniciativa, principalmente por meio do núcleo vigilância hospitalar e de vigilância epidemiológica. As buscas institucionais terão como base os últimos 30 dias, contados a partir do Dia S.

“Os profissionais vão puxar o prontuário desses pacientes e fazer a análise. A partir da identificação de um caso que atenda aos sintomas de sarampo, essas pessoas serão notificadas”, detalha. Assim, se for necessário, será realizado um diagnóstico laboratorial para a possível identificação do vírus nos pacientes.

Segundo a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, caso seja confirmado um caso de sarampo, é feito o rastreio de todos os indivíduos que mantiveram contato com o paciente. “Assim, nós podemos dar início ao bloqueio, que é a vacinação das pessoas que estiveram no entorno do paciente positivado”, explica.

A ação aplicada a nível estadual tem base nacional, fundamentada pelo Ministério da Saúde (MS). Outro objetivo da busca ativa é retomar o certificado de eliminação do vírus, que foi perdido em 2019.

Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de eliminação do sarampo, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Três anos depois, o país perdeu esse status devido à reintrodução do vírus e confirmação de novos casos.

Após a semana de busca ativa, os dados serão enviados ao MS, a fim de comprovar a não circulação do vírus do sarampo no Estado. As estatísticas da doença serão divulgadas até o fim da primeira semana de novembro.

Sintomas do sarampo

Os sintomas do sarampo são semelhantes aos de outras doenças, como dengue e chikungunya. “A doença tem como característica as manchas no corpo, irritação na pele (exantema), febre, tosse e conjuntivite”, explica a especialista em epidemiologia e coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Ana Cabral.

Após a avaliação dos sintomas, o diagnóstico do sarampo é realizado mediante exame laboratorial. De acordo com Ana Cabral, a vacina da tríplice viral é a forma mais eficaz de prevenção ao sarampo, que é contraído por via aérea. Portanto, é fundamental que as crianças mantenham suas cadernetas de vacinação atualizadas.

“Estamos promovendo uma campanha de vacinação e conscientização para que as crianças e adolescentes até 12 anos procurem uma unidade de saúde e atualizem suas cadernetas de vacinação. Precisamos manter as taxas de vacinação em níveis satisfatórios para evitar o retorno do sarampo e de diversas outras doenças”, comenta a especialista. A Campanha de Multivacinação se estende até o próximo dia 31 de outubro.

Histórico de Sarampo no Ceará

Na década de 1990, o Ceará registrou, ao todo, 4.381 casos de sarampo, sendo o ano de 1991 o mais alarmante, com 4.704 ocorrências, conforme dados do Ministério da Saúde. Já nos anos 2000, de forma geral, o Brasil apresentou drástica queda nos números de casos de sarampo. Durante dez anos, o Ceará não registrou nenhum caso da doença.

Na década de 2010, as ocorrências de sarampo voltaram a ser registradas no Estado. O primeiro caso foi registrado em 2013. Em 2014, foram 840 casos. No ano de 2015, foram calculados 211.

Os anos seguintes não registraram contágios, mas, em 2019, foram registrados 19 casos no Ceará. Em 2020, houve registro de sete casos. Os últimos casos da doença foram contabilizados em 2021, no município de Massapê (2) e no Crato, que registrou um caso em setembro.

Fonte: O Povo Online