Césio-137: o que são as fontes radioativas desaparecidas em MG

A mineradora AMG acionou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) no dia 29 de junho sobre o desaparecimento de duas fontes de Césio-137 no município de Nazareno, Minas Gerais. Além do órgão regulador, a empresa informou a polícia e fez um boletim de ocorrência.

As fontes, duplamente encapsuladas com aço inoxidável e blindadas externamente em aço inox, podem ter sido furtadas, segundo informe da CNEN sobre o caso. O órgão ressalta que, apesar de serem Césio-137, elas “têm atividade cerca de 300 mil vezes menor do que aquela do acidente de Goiânia”.

Os técnicos do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) se dirigiram ao local na sexta-feira, 30 de junho, e permanecem na cidade, “apoiando as atividades de busca para a localização das fontes seladas extraviadas”.

Uma equipe de licenciamento para a apuração das circunstâncias do suposto furto foi enviada nesta quarta-feira, 5, pela Diretoria de Radioproteção e Segurança (DRS/CNEN).

Césio-137: o que é o elemento químico

O Césio-137 é considerado um isótopo radioativo formado por meio da fissão nuclear em reatores ou como subproduto de testes de armas nucleares, com uma meia-vida de aproximadamente 30 anos. Na prática, seria o tempo necessário para que o material se desintegrasse.

O seu caráter radiativo é usado para o tratamento de câncer, pesquisas científicas, como esterilizante de equipamentos médicos, entre outras atividades.

As fontes de Césio-137 desaparecidas são classificadas como não perigosas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas a CNEN esclarece que as buscas devem continuar para “prevenir exposições desnecessárias”.

Césio-137: acidente em 1987 no Brasil

O Brasil já foi palco de um acidente nuclear envolvendo o Césio-137 em 1987. O caso aconteceu na cidade de Goiânia, capital do estado de Goiás, e deixou quatro pessoas mortas por exposição direta e ao redor de 129 contaminadas após o rompimento de um aparelho radiológico que continha o isótopo.

A violação do equipamento espalhou fragmentos de Césio-137 na forma de um pó azul brilhante, que chamou a atenção de Devair Ferreira, dono de um ferro-velho no município. Sem conhecer a origem do material, Devair levou o objeto para sua casa e acabou expondo mais pessoas de sua família à radiação.

A contaminação foi espalhada pela cidade e a população, apresentando sintomas de exposição, aparecia nos hospitais e postos de saúde.

As fontes radioativas desaparecidas em Minas Gerais no final de junho são confeccionadas de material cerâmico. “Mesmo que fossem violadas em seus invólucros duplos de aço inox não seriam espalháveis como foi a fonte do acidente de 1987”, explica a CNEN.

 Fonte: O Povo