ChatGPT: a inteligência artificial pode ser aliada da educação?
Em novembro de 2022 um sistema de chat baseado em inteligência artificial, batizado de ChatGPT, surgiu causando alvoroço entre adeptos da tecnologia. Quase um ano após a sua criação, pela empresa americana OpenAI, a ferramenta segue incendiando debates quando o assunto é a utilização dela na educação. Afinal, é ou não é possível fazer o recurso ser um aliado dos professores na sala de aula?
O chat ganhou forte repercussão e viralizou nas redes sociais por imitar a linguagem humana. Por meio dele é possível, por exemplo, ter respostas para inúmeras perguntas. É como conversar com uma pessoa, capaz de dar opiniões, falar em diversos idiomas e escrever sobre os mais variados acontecimentos.
Devido a semelhança textual do robô com a escrita humana, escolas do mundo inteiro começaram a se preocupar em como esse sistema poderia ser utilizado pelos alunos. Em Nova York, autoridades de ensino chegaram a bloquear o site, restringindo o acesso dele em dispositivos e redes internas de escolas.
Parte da preocupação se dá pelo fato de que educandos podem ter facilidade em realizar trabalhos por meio da ferramenta, o que atrapalharia o processo de ensino. Apesar dessa preocupação existir, contudo, o sistema também tem sido defendido por especialistas como algo que pode ser explorado no aprendizado.
Guilherme Silveira, cofundador da Alura, plataforma de ensino em tecnologia do Brasil, aponta que o ChatGPT pode ajudar alunos a adaptar ideias, explorando a criatividade deles ao sugerir temas diversos. Já os professores podem usar a ferramenta para aperfeiçoar exercícios e terem retornos sobre a prática.
Além disso, o representante destaca que profissionais da educação podem usar a inteligência artificial para entender melhor os estudantes, obtendo por exemplo informações que possam ajudar a sugerir caminhos para eles. “Existe mais riqueza nos desejos do ser humano do que o currículo pode fornecer. É papel nosso, de educadores, utilizar (o chat) dessa forma, de uma forma criativa”, explica.
Uso consciente é segredo para encontrar benefício na plataforma
Em um cenário onde o ChatGPT pode trazer consequências negativas e positivas ao mesmo tempo para o ensino, de que forma escola deve usar a ferramenta como aliada? De acordo com Guilherme Silveira, o segredo passa pelas mãos dos professores, que precisam estimular o uso correto da plataforma.
“Se a gente percebe que essa ferramenta está sendo adotada pelos alunos e alunas, de uma forma positiva, de uma forma que permita a eles e a elas serem mais criativos, a produzirem coisas mais interessantes, que reflitam mais sobre elas, e sobre os trabalhos delas, a gente precisa educar elas a seguirem esse caminho. Educar elas a usarem essa ferramenta”, pontua o especialista.
Silveira destaca ainda que “existe visões e formas distintas de ensino” e que a “escola vai ter que ver se a ferramenta (ChatGPT) pode ser utilizada para essa melhora (do ensino)”.
“Os alunos precisam entender que a confiança cega na ferramenta não é a abordagem correta. O ensino não é apenas sobre utilizar a tecnologia, mas sim sobre compreender seus limites e utilizá-la de maneira eficaz, mantendo o foco na busca por conhecimento válido e confiável”, explica o cofundador da Alura.
Essa “parceria” entre escola e inteligência artificial, realizada de forma a promover a conscientização dos alunos, pode transformar a plataforma em uma forte aliada educacional, “driblando” os riscos de plágio que ela traz. Se é esse cenário que vai se desenhar no futuro, contudo, ainda é uma incógnita.
“A gente não vive de futurologia na educação. A gente não tem certeza sobre o caminho da educação nos próximos dez anos, a gente trilha esse caminho, a gente tem ideias do que pode ser daqui a dez anos”, diz Guilherme. “Porém não é por causa dessas ideias que a gente vai usar inteligência artificial hoje. A gente vai utilizar inteligência artificial porque hoje ela já pode ser usada para nos beneficiar”.
Fonte: O Povo