Cid critica alta de juros em sessão com presidente do Banco Central: “É uma mamata”
Ex-governador do Ceará, Cid Gomes compara governo e Banco Central com Robin Hood, mas ao contrário, já que instituições tirariam do pobre
O senador e ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), aproveitou a presença do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, que esteve em audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nessa terça-feira, 22, para criticar a política de aumento de juros da instituição para combater a inflação: “É uma mamata”.
“Eu estou absolutamente incomodado com a ausência de debate sobre a política monetária do nosso país. O Brasil tem uma dívida pública de R$ 9 trilhões a uma taxa de juros projetada de 14,5%, média, para combater uma inflação de cinco. Isso dá uma margem de lucratividade, de ganho, para a gente botar no bolso de 10%. Isso é uma mamata. É uma mamata, das grandes”, criticou Cid.
O político disse, em discurso durante o encontro, que a instituição deixa as pessoas na liberdade de servirem ao mercado e não ao País. Em trecho publicado nas suas redes sociais, o senador reforça o tom de crítica à política de juros do BC, que, para ele, beneficia um grupo de pessoas que “ganha muito com isso”.
A participação do presidente do Banco Central ocorreu em meio a uma pressão sobre a taxa de juros básica. Em 19 de março, o BC subiu os juros em 1 ponto, o que levou a Selic a atingir 14,25%. Com o aumento, esse se tornou o maior patamar de juros desde 2016.
“Mas estamos falando de R$ 9 trilhões de dívida, sete se for líquido, pouco importa, nove, vamos ficar no número absoluto. A uma taxa média de 14,5%, isso dá R$ 1 trilhão e 300 bilhões ao ano. Some o que se investe, o que se aplica em educação, saúde e infraestrutura. Não chega a metade disso, comentou o senador”.
Ele continua: “Nós estamos falando de chegar o final do ano que vem a mais de R$ 10 trilhões de dívida pública e um percentual do Produto Interno Bruto (PIB) aumentando significativamente. Há quem ganhe e há quem ganhe muito com isso”.
Governo com o papel de Robin Hood ao contrário
Cid Gomes observou também o papel do governo junto ao BC. “O Brasil precisa sair desse círculo vicioso. Eu não sei até quando o povo brasileiro, talvez pela ausência de debate, vai suportar um governo cumprindo o papel de Robin Hood ao contrário. Porque no final das contas, o Banco Central é o governo e é o Banco Central quem tira dos pobres, dos trabalhadores, dos que empreendem, para dar aos especuladores”.
Ele ainda solicitou ao presidente da instituição um relatório “de venda de dólar e compra de dólar por período e a que preço” são realizadas as transações. É a segunda vez este ano que Gabriel Galípolo comparece à Casa Alta.
A reunião faz parte de um calendário regular do comparecimento do presidente do BC à comissão, que ocorre quatro vezes ao ano, nos meses de fevereiro, abril, julho e outubro.
Fonte: O Povo Online