Em nota divulgada pelas redes sociais, Ciro Gomes diz torcer pela inocência de Lula no julgamento de 24 de janeiro em Porto Alegre. Imaginar o Judiciário como parte de uma conspiração política, segundo ele, ofende a inteligência do país.
Aponta, contudo, como constrangedor, o fato de que nenhum quadro relevante do PSDB esteja preso, apesar de evidências de envolvimento com corrupção.
Ciro Gomes acrescenta que a Justiça brasileira ainda deve merecer respeito institucional e pede ao Tribunal Regional de Porto Alegre que compreenda a transcendência de sua decisão:
“Que tenha a força moral de afirmar a inocência de Lula no processo em questão se, como eu, não vislumbrar clara sua culpa”.
A seguir, a íntegra da manifestação de Ciro Gomes:
Dia 24 de janeiro é o dia do julgamento da apelação de Lula contra a sentença que o condenou em primeira instância.
Torço para que seu recurso seja reconhecido pelo tribunal regional, órgão de segunda instância da Justiça Federal, e ele seja declarado inocente.
O Judiciário brasileiro, assim como os outros poderes de nossa frágil República, tem graves defeitos – nunca me abstive de criticá-los – mas imaginá-lo parte orgânica de uma conspiração política ofende a inteligencia média do país e, pior, a consequência inevitável desta constatação teria desdobramentos tão graves que a um democrata e republicano só restaria a insurgência revolucionária. Não creio, definitivamente nisto.
É definitivamente constrangedor e inexplicável que nenhum quadro relevante do PSDB esteja preso apesar de fartas e robustas evidências de seu orgânico e ancestral envolvimento em corrupção. Mas não é irrelevante que estejam presos quadros centrais do PMDB como Eduardo Cunha, Gedel Vieira Lima ou Henrique Alves. E que o próprio presidente Michel Temer tenha sido chamado pela Justiça a responder por seus atos de corrupção, embora impedida, a mesma justiça, de prosseguir na apuração, pelo poder politico subornado.
O que quero dizer nesta hora crítica é que, apesar de seus graves problemas, a Justiça brasileira ainda deve merecer o respeito institucional da nação. O oposto é a baderna, a anarquia e, evidentemente, a violência.
Que o Tribunal Regional de Porto Alegre compreenda a transcendência de sua decisão! Que, independentemente de pressões legítimas ou espúrias, afirme a JUSTIÇA! Que tenha a força moral de afirmar a inocência de Lula no processo em questão, se como eu, não vislumbrar clara sua culpa.
Que dê evidências incontestáveis de sua culpa, caso assim entenda, de maneira que a qualquer do povo não reste duvidas e, assim, possa a Nação afirmar como o injustiçado alemão: há juizes em Berlim. E ,apesar de tudo, também no nosso sofrido Brasil.