Com chuvas de fevereiro, três maiores açudes do Ceará voltam a ganhar volume
A perspectiva de uma quadra chuvosa abaixo da média tem sido amenizada pelas águas de fevereiro. Desde o dia 9 deste mês, a curva que indica o volume dos açudes voltou a subir em quase todas as regiões do Ceará. Castanhão, Orós e Banabuiú, os maiores do Estado, estão entre os que mais “ganharam” água em 2024.
Até o dia 9, de acordo com monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Castanhão, na bacia do Médio Jaguaribe, tinha 22,84% do volume preenchido; o Orós, no Alto Jaguaribe, 50,21%; e o Banabuiú, na bacia de mesmo nome, 36,20%.
Após a intensificação das chuvas, os três tiveram aporte. Nessa terça-feira (27), o Castanhão possuía 23,92% de volume; o Orós, 50,86%; e o Banabuiú, 36,77% – incrementos que podem parecer pequenos, mas representam grandes volumes de água.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Tércio Tavares, diretor de Operações da Cogerh, avaliou que a atual reserva hídrica dos 157 açudes cearenses monitorados “está melhor do que no mesmo período de 2023”.
Contudo, o prognóstico com probabilidade de chuvas abaixo da média em 2024, divulgado pela Funceme e pelo Inpe, exige cautela e ações de contingência para garantir o abastecimento de Fortaleza, Região Metropolitana e interior, como detalha o gestor.
“Perdemos água o ano inteiro, entre evaporação, uso pelo setor produtivo e o que mandamos para as casas. Em apenas 3 ou 4 meses é que recebemos água da chuva”, pontua Tércio, explicando que na maior parte do ano os reservatórios cearenses atuam em modo “deficitário”.
“Vínhamos só perdendo volume desde o final das chuvas de 2023, mas neste mês deixamos de ser deficitários para começarmos a ser superavitários. A água está saindo, mas o que está entrando é maior. Praticamente em todas as áreas”, comemora.
editamos no prognóstico da Funceme que aponta chuvas abaixo da média, mas o mês de fevereiro ajudou um pouquinho. A esperança é de que no restante da quadra chova no lugar certo.TÉRCIO TAVARESDiretor de Operações da Cogerh
Tércio pondera que não é prudente estimar quanto de recarga, em média, os açudes cearenses receberão caso a quadra siga o que está previsto no prognóstico. “Porque de uma hora pra outra tem uma chuva abaixo da média, mas no lugar certo. E às vezes chove bem, mas no lugar errado”, exemplifica.
ÁREAS MAIS DESAFIADORAS
![Açude Orós, segundo maior reservatório do Ceará](https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/image/contentid/policy:1.3483212:1709048789/oros.jpg?f=default&$p$f=2e431ea)
Historicamente, as áreas onde os aportes hídricos são mais difíceis, “e não só em tempos de El Niño”, como avalia Tércio, são as regiões do Curu, Sertões de Crateús e Médio Jaguaribe. O açude Castanhão fica localizado nesta última. “Elas sempre vão ‘pegar’ menos água, requerem atenção maior”, frisa o gestor da Cogerh.
O diretor de Operações pontua que, tendo isso em vista, o Estado tem “fechado as torneirinhas” desde o ano passado. “Nossas alocações de água já foram mais prudentes, pensando neste ano”, afirma.
“Neste ano, todos os comitês e gestores de bacias (hídricas) já estão se reunindo, pra saber o que está caindo no seu local, e fechando suas torneiras. Precisamos estar sempre com um pé à frente”, preocupa-se Tércio.
Diante da alta probabilidade de chuvas abaixo da média em 2024, o Governo do Estado encomendou ao Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) uma transferência de 302 milhões de m³ de água ao Ceará.
Esse montante, como explica Tércio, se distribui entre os 12 meses do ano, e ajuda a repor a água que a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) utilizará do Castanhão. “O que estamos tirando do Castanhão pra RMF estamos repondo pelo PISF”, destaca Tércio.
“Em menos de 2 semanas em fevereiro, tivemos uma recarga total de 1,4% do volume – o que já nos deu 252 milhões de m³, quase o total do que encomendamos ao PISF”, calcula.
“É um aporte significativo, eu estava descrente com fevereiro. Vamos esperar que março caia água certa no lugar certo.”
Questionado sobre até quando a Grande Fortaleza precisará receber água do maior açude do Ceará para garantir o próprio abastecimento, o gestor da Cogerh explica que o recurso é provisório.
“Mas a partir do momento que a RMF começar a ter aporte pelas chuvas e passarmos a entender que isso nos dará segurança pro restante do ano, automaticamente a gente cessa a transferência”, frisa.
“Na terça (25), por exemplo, tivemos aporte bom no Maranguape, a 30 km do Pacoti, que é um dos nossos pulmões”, reforça.
Fonte: Diário do Nordeste