Confira a repercussão da fala que levou à exoneração do secretário especial da Cultura

Após parafrasear um ministro nazista durante pronunciamento, o secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, foi exonerado de seu cargo na manhã desta quinta-feira. Ele citou trecho do discurso do ministro de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, em pronunciamento para anunciar um prêmio de artes.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”, disse Alvim, solene e entusiasmadamente.

O vídeo, que anuncia o Prêmio Nacional das Artes, foi divulgado pela subpasta nas redes sociais e causou revolta. Personalidades e autoridades se pronunciaram sobre a atitude. Confira algumas frases que separamos:

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada”.

ROBERTO ALVIM, secretário especial da Cultura, copiando uma citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em pronunciamento para anunciar o Prêmio Nacional das Artes.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.

JOSEPH GOEBBELS, ministro de propaganda da Alemanha nazista, segundo o livro “Goebbels: a Biography”, de Peter Longerich

“O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o PRÊMIO NACIONAL DAS ARTES, que vai redefinir a Cultura brasileira… É típico dessa corja. Foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma coincidência retórica. Eu não citei ninguém. E o trecho fala de uma arte heróica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro”.

ROBERTO ALVIM, secretário especial da Cultura, em post publicado em suas redes sociais, depois da repercussão negativa de seu pronunciamento, negando ter citado Goebbels

“O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”.

À direita, Goebbels, e foto de Hitler ao fundo. À esquerda, Alvim, e foto de Bolsonaro ao fundo

RODRIGO MAIA (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, em post no Twitter

“Um canalha destes tem que ser demitido ou canalha mor será aquele que o mantiver”.

CIRO GOMES (PDT), em post no Twitter

“É inaceitável o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim. Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida. Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente”.

CONFEDERAÇÃO ISRAELITA DO BRASIL (Conib), em nota oficial.

“O período do nacional-socialismo é o capítulo mais sombrio da história alemã, trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha mantém sua responsabilidade. Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou glorificar a era do nacional-socialismo”.

EMBAIXADA DA ALEMANHA NO BRASIL, em post no Twitter

“É cedo para julgar, mas o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça. Veremos”.

OLAVO DE CARVALHO, astrólogo, escritor e ideólogo do clã Bolsonaro, em post no Facebook

“Definitivamente o fracasso subiu à cabeça do patético encarregado da falta de Cultura, Roberto Alvim…ator canastrão, diretor fracassado, encontrou nesse governo desafinado e brega, seu frágil êxtase nazista-fetichista. Faltou o bigode,pro fã do crime aparentar melhor com o ídolo”.

ZÉLIA DUNCAN, cantora e compositora, em post nas redes sociais

“Eles nem se escondem mais, citando Joseph Goebbels. Q bizarro… q discurso de maluco…. coisa mais Nazi q isso eu nunca vi !!! Pqp como a gente veio parar aqui ?”

MARCELO D2, cantor e compositor, em post nas redes sociais

“Convoco todos os artistas brasileiros a se posicionar contra o homem que destratou Fernanda Montenegro. Que todos assumam a defesa da cultura brasileira contra esse debil mental, mente lesada pela cocaina, que se arvora num novo Goebbels! Ou somos todos um bando de merdas?”.

JOSÉ DE ABREU, ator, em post nas redes sociais

“Roberto Alvim realmente citou Goebbels. Ele citou Goebbels. Goebbels! O ministro da propaganda do Hitler. Repito. Roberto Alvim, secretário de cultura do gov. Bolsonaro, fez um discurso parafraseando o grande ideólogo do nazismo. Sem mais”.

ANTONIO PRATA, roteirista, em post nas redes sociais

“Alvim brigou com três ministros, enganou o presidente com promessas que não poderia cumprir e fez um vídeo nazista. Tem que cair, e logo”.

JOSIAS TEÓFILO, cineasta bolsonarista, em post nas redes sociais

“Roberto Alvim cometeu um ato indesculpável. Não há solução fora da demissão. Eu o conheço e lamento dizê-lo: demita-se, para o bem do Governo, do povo e, ouso dizê-lo, para o bem do próprio Alvim”.

BERNARDO KUSTER, youtuber católico conservador, em post nas redes sociais

“Tem que ser afastado imediatamente se o Governo ainda quiser manter alguma credibilidade democrática. É inaceitável. O nazismo não é aceitável como referência de poder”.

FELIPE SANTA CRUZ, presidente da OAB.

“Fala de Roberto Alvim é absurda, nauseante: o Estado não define o que é e o que não é cultura! Já um governo define quem dele faz e quem dele não faz parte. Quem recita Goebbels e faz pronunciamento totalitário não pode servir a governo nenhum no Brasil e deve ser demitido. Já!”

MARCEL VAN HATTEM (NOVO-RS), deputado federal e líder do partido na Câmara

“Já temos um ministro da educação analfabeto. E um secretario ‘especial’ da cultura que cita o Ministro Da Propaganda Nazista, Joseph Goebbels. Se isso pra você é normal, não sei o que dizer. É assustador. É pavoroso. E o tom? E a trilha sonora? E o botox? Fundo do poço é pouco.”

FELIPE ANDREOLI, apresentador

“Mesmo num governo com as características do governo Bolsonaro, não pode ser justificada a permanência de Roberto Alvim depois do discurso de ontem em que emulou Joseph Goebbels”.

LAURO JARDIM, jornalista, em seu blog no O Globo

“Em 48 anos de jornalismo, nunca pensei que tivesse que comentar sobre Joseph Goebbels. Havia a certeza na minha geração, nascida na década seguinte à 2º Guerra Mundial, que o pesadelo nazista estivesse superado”.

MIRIAM LEITÃO, jornalista, em sua coluna no O Globo

“É inaceitável ouvir as palavras de um monstro como Goebbels na boca de uma autoridade brasileira. Há ações que não podemos aceitar. Há fronteiras que não podem ser transpostas”.

MIRIAM LEITÃO, jornalista, em sua coluna no O Globo

“O problema é que a ascensão dos fascismos é sempre precedida pela impressão de que se trata de um bando de pândegos. É justamente dessa incredulidade que o monstro se vale para fixar suas garras na jugular do cidadão incauto”.

ARNALDO BLOCH, jornalista, em sua coluna no O Globo

“O próprio (Alvim) já se manifestou oficialmente. O Planalto não comentará”.

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO da Presidência da República (Secom), respondendo por escrito à Folha de S. Paulo questionamentos sobre o caso

“Eu não posso me desculpar por uma coisa que eu não fiz deliberadamente”.

ROBERTO ALVIM, secretário especial da Cultura, em entrevista à Rádio Gaúcha, culpando sua assessoria pelo discurso que faz menção a Joseph Goebbels.

“A frase que eu escrevi é absolutamente correta. Peço perdão por essa infeliz coincidência retórica, mas não houve nenhuma associação com o nazismo, que encarnou o mal absoluto. Não se pode depreender daí qualquer associação ao espúrio, nefasto e genocida ideário nazista, ao qual eu tenho repugnância”.

ROBERTO ALVIM, secretário especial da Cultura, em entrevista à Rádio Gaúcha

“Não foi apenas Roberto Alvim que fez apologia ao nazismo. Bolsonaro tb fez, ao se referir à jornalista Thaís Oyama como “aquela japonesa”. Da mesma forma como Hitler, Bolsonaro incentiva a divisão da sociedade, valendo-se, inclusive, de recortes raciais para perseguir inimigos”.

MARCELO CALERO, deputado federal e ex-ministro da Cultura do governo de Michel Temer, em post nas redes sociais

 “O vídeo do secretario de cultura deixa 3 conclusões:

-Ele precisa ser demitido imediatamente.

-Cabe os presidente ser mais cuidadoso na escolha da sua equipe.

-É o cidadão que determina a cultura do seu país e não o Estado”.

JOÃO AMOÊDO, fundador do partido Novo, em post nas redes sociais

“O nazismo matou judeus, cristãos, negros, pessoas com deficiência e opositores em fornos de gás. O secretário de Cultura de Bolsonaro cita um ministro nazista ao som da música preferida de Hitler. Quem apoia esse governo deve saber que passou a fronteira e caiu no colo do nazismo”.

MARCELO FREIXO (Psol-RJ), deputado federal, em post nas redes sociais

“A riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista. A arte é, na sua essência, transformadora e transgressora. O que faz do Brasil um país grandioso é a força da sua cultura, fruto de um povo profundamente miscigenado e diversificado”.

GILMAR MENDES, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em post nas redes sociais

“A chamada arte imperativa nada mais é do que a imposição de inteligências medíocres, muito ao gosto de ditadores e órfãos das ditaduras. O mínimo que se espera em relação às declarações do secretário é a sua imediata demissão”.

ROBERTO FREIRE, presidente nacional do Cidadania 23, em nota oficial do partido

“Não há limites para a máquina de ódio do governo Bolsonaro. O Nazismo virou referência para a área cultural da gestão. O uso da frase do ministro da propaganda de Hitler é uma ofensa à democracia e um desrespeito às milhões de vítimas do Holocausto”.

HUMBERTO COSTA (PT-PE), senador, em post nas redes sociais

“Hey, Alvim! esse vídeo em que você ouve a música preferida de Hitler e faz um plagio de uma frase Goebbels foi feito para que a gente esquecesse o escândalo se corrupção da secretaria de comunicação? Não deu certo”.

MANUELA D’ÁVILA (PCdoB), em post nas redes sociais

“Não há saída p/ Roberto Alvim: Ou ele está fora de si e precisa ser demitido para que depois seja internado. Ou ele é um nojento admirador do nazismo, além de autoritário, e portanto, precisa ser demitido, pois representa tudo o que a humanidade mais deveria repudiar!”.

FERNANDO HOLIDAY (DEM), vereador em São Paulo, em post nas redes sociais

“Vídeo de Roberto Alvim mostra grau de ocupação ideológica em órgãos públicos e flerte do governo c/ o fascismo/nazismo. Usar Goebbels por si só é repugnante e sinal de alerta. Não há espaço no governo p/ isenção, contraditório, muito menos p/ liberdade artística e de expressão”.

GLEISI HOFFMAN (PT-RS), deputada federal e presidente do partido, em post nas redes sociais

“Somente agora tive o desprazer de tomar conhecimento do acintoso, descabido e infeliz pronunciamento de assombrosa inspiração nazista do secretário de Cultura Roberto Alvim, do governo federal. Como primeiro presidente judeu do Congresso Nacional, manifesto veementemente meu total repúdio a essa atitude e peço seu afastamento imediato do cargo”.

DAVI ALCOLUMBRE, presidente do Senado e do Congresso Nacional, em nota oficial

“É totalmente inadmissível, nos tempos atuais, termos representantes com esse tipo de pensamento. E, pior ainda: que se valha do cargo que eventualmente ocupa para explicitar simpatia pela ideologia nazista e, absurdo dos absurdos, repita ideias do ministro da Informação e Propaganda de Adolf Hitler, que infligiu o maior flagelo à humanidade”.

Com Informações do O Povo