Cooperativa que falso médico fez parte empregou profissionais sem registro no CRM no Ceará
Empresa venceu licitação de R$ 14 milhões em uma única cidade em 2021 e é responsável pela contratação profissionais de saúde em pelo menos oito municípios do Estado.
A cooperativa que o falso médico Thiago Celso Andrade Reges, 36 anos, fez parte também escalou e empregou profissionais sem registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) para plantões no Hospital e Maternidade João Ferreira Gomes, em Itapajé, no interior do Ceará.
A Cooperativa Pró Saúde é responsável pela contratação profissionais de saúde de nível superior e técnico no hospital de Itapajé e em, pelo menos, outras sete cidades cearenses.
Na cidade onde as irregularidades foram flagradas, a empresa teve uma licitação prevista de mais de R$ 14 milhões, com vigência de 6 de abril a 31 de dezembro de 2021, para prestar serviços médicos na área da saúde, objetivando a complementação dos serviços de atendimento nas unidades básicas de saúde vinculados a Secretaria de Saúde do município.
Não há comprovação que a cooperativa de saúde recebeu todo valor previsto. Já os dados do valor da licitação para contratação da cooperativa em 2022 e este ano não foram localizados.
Em nota, a Pró Saúde afirmou que Thiago Celso não prestou serviços por intermédio dessa Cooperativa em Itapajé
“…de igual forma não tomamos conhecimento nem participamos de informações ao Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, não sabemos também informar sobre valores recebidos nesse Município por parte do suposto profissional”.
Sobre o trâmites adotados pela empresa para a contratação de cooperados, a Pró Saúde informou que para a matrícula são solicitados documentos diversos e feitas as consultas por meio do portal dos conselhos profissionais, bem como são solicitadas certidões de regularidade junto aos mesmos, diplomas de conclusão de curso superior e/ou técnico, dentre outros.
No site da Prefeitura de Itapajé consta que Thiago trabalhou na unidade, com vínculo temporário, de setembro a outubro de 2020. Durante o período, foi registrado na folha de pagamento do município que o falso médico recebeu salários de R$ 22.500 a R$ 42.500 pelos plantões.
Conforme a Prefeitura de Itapajé, Thiago Celso teve contrato encerrado em janeiro de 2021. Contudo, como constatado pelo g1, o nome dele aparece com vínculo ao município até janeiro de 2022, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Após a prisão de Thiago, descoberto pela polícia por ter forjado um diploma falso de medicina, a Pró Saúde divulgou uma nota informando que, ao ter tomado conhecimento da falsidade em 2022, o falso médico foi expulso do quadro de cooperado, e o fato foi comunicado ao Conselho Regional de Medicina e à polícia.
“Reforçamos ainda que não somos coniventes com qualquer tipo de irregularidade e mesmo o registro tendo sido expedido de fato pelo CRM e ocorrido exercício por um breve período, todos esses plantões foram averiguados e restou que não ocorreu nada de grave ou intercorrência que resultasse danos”, diz um trecho do comunicado divulgado no dia 17 de março.
Ainda conforme a Cooperativa, os valores recebidos pelo falso profissional foram devolvidos ao município. Um dia depois, a empresa disse que Thiago não fez parte da escala médica do hospital na atual gestão.
Thiago levava uma vida ostentação nas redes sociais, sempre mostrando uma vida de luxo e na companhia de famosos.
O falso médico foi solto uma semana após a prisão. O advogado de Thiago afirmou que ele “clinicou apenas enquanto tinha uma liminar para isso”. “A defesa alega, desta forma, que ele “não exerceu ilegalmente a profissão”.
Fonte: G1