Duas escolas públicas do CE concorrem ao prêmio de melhores do mundo; conheça projetos

Duas escolas estaduais do Ceará estão entre as finalistas de um dos prêmios de educação mais prestigiados do mundo: o World’s Best School Prize 2023 (Prêmio das Melhores Escolas do Mundo, do inglês), considerado o “Oscar” da área.

A premiação é dividida em 5 categorias, e cada escola vencedora receberá 50 mil dólares. O Brasil tem cinco representantes na disputa, incluindo a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Jaime Tomaz de Aquino, em Beberibe; e a EEMTI Joaquim Bastos Gonçalves, em Carnaubal.

O prêmio visa reconhecer as melhores práticas de instituições que estão transformando a vida dos alunos e impactando as comunidades onde estão inseridas. Concorrem ainda duas escolas de São Paulo e uma de Minas Gerais.

Ambas de tempo integral, as unidades escolares do interior do Ceará concorrem em categorias distintas, como informa a T4 Education, uma das instituições fundadoras e organizadoras do prêmio:

  • EEMTI Jaime Tomaz de Aquino: a escola secundária pública de Beberibe, “que está redefinindo o papel da educação na criação de um futuro mais verde e sustentável”, é finalista na categoria “Ação Ambiental”;

 

  • EEMTI Joaquim Bastos Gonçalves: a escola pública carnaubalense, “que está focada em nutrir uma cultura de bem-estar para os alunos, promovendo a saúde mental, a alimentação saudável e a atividade física”, é finalista na categoria “Apoio à Vida Saudável”.

AÇÕES PAUTADAS NO DIA A DIA

Horta comunitária, reaproveitamento da água de bebedouros e aparelhos de ar-condicionado, reciclagem e educação ambiental. Essas são algumas das ações que embasam o dia a dia na EEMTI Jaime Tomaz de Aquino e que destacaram a escola nacionalmente.

O trabalho focado na preservação ambiental é sólido e anterior à participação no “Oscar” da educação, como destaca Ocivan Moreira, professor de História e coordenador do Protagonismo Estudantil e da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida da instituição.

Antes de participar de qualquer atividade externa, a escola sempre desenvolveu um trabalho nessa área. Assim, conquistou o Selo Escola Sustentável, do Governo do Estado, ficando em 2º lugar no Ceará. Entre 2021 e 2022, desenvolvemos mais de 140 projetos.

OCIVAN MOREIRA
Professor da EEMTI Jaime Tomaz de Aquino

 

As ações envolvem desde os estudantes à própria comunidade, fomentando o protagonismo dos alunos, segundo reforça o professor. Os resultados se expressam tanto no comportamento dos jovens como em impactos práticos.

“Nossa escola, com todos esses projetos, teve redução de material de expediente, energia e água, além do processo de conscientização da comunidade no dia a dia. Não temos lixeiras, por exemplo. Isso é importante para que a sociedade entenda que a educação ambiental é possível”, frisa Ocivan.

 

“O que temos são quatro lixeiras de coleta seletiva, mas nossa escola se destaca pelo comportamento dos nossos alunos. Eles praticam essa consciência ambiental. Produzimos o menos de lixo possível”, complementa o docente.

 

Ele acrescenta ainda que “é satisfatório desenvolver um trabalho para contribuir com o crescimento comunitário e, por efeito, receber um reconhecimento”, ainda que este não fosse o foco. “Isso mostra como a escola é importante pra sociedade e pode transformá-la. Que a gente incentive outras escolas a buscarem isso”, finaliza.

SAÚDE MENTAL DOS ALUNOS

Já na EEMTI Joaquim Bastos Gonçalves, o foco das ações que a levaram à disputa do World’s Best School Prize 2023 é um dos desafios para a educação no mundo inteiro: a saúde mental e o bem-estar da comunidade escolar.

Com o retorno dos alunos na pandemia de Covid, casos de depressão, ansiedade e automutilação passaram a ocupar as salas de aula – levando Guilherme Barroso, professor de Educação Física, a contatar psicólogos que atendessem os alunos de forma voluntária. Nasceu o projeto Adote um Estudante.

 

Por ser um município pobre, não temos uma oferta grande de profissionais da área da saúde mental. Entramos em contato com psicólogos por meio das redes sociais e grande parte aderiu. Já temos quase 40 profissionais de 15 estados.

GUILHERME BARROSO
Professor da EEMTI Joaquim Bastos Gonçalves

 

Os atendimentos são online, realizados no contraturno das aulas de cada estudante. O professor Guilherme relata que muitos adolescentes pedem ajuda ao corpo docente, reconhecendo que precisam de atendimento, mas não têm condições de pagar.

“O que as escolas sofrem mais é em relação à saúde mental dos alunos, que ficam fora de sala de aula, com níveis grandes de ansiedade e depressão. Quando entramos com esse projeto na escola, os alunos se sentiram acolhidos”, cita.

Se levar o prêmio na categoria “Apoio à Vida Saudável”, então, a instituição pretende ampliar o serviço. “Tínhamos alunos que antes nem vinham à escola, não falavam uma palavra em sala de aula, ficavam isolados. E hoje já estão preparados para lidar com o mundo”, frisa Guilherme.

A PREMIAÇÃO

As três escolas finalistas de cada uma das 5 categorias do prêmio serão divulgadas no próximo mês de setembro. No mês seguinte, haverá o anúncio das vencedoras.

A iniciativa foi criada pela T4 Education em parceria com a Fundação Lemann, Accenture, American Express e Yayasan Hasanah. De acordo com a organização, o júri é composto por “líderes distinguidos de todo o mundo, incluindo acadêmicos, educadores, ONGs, empreendedores sociais, governo, sociedade civil e setor privado”.

Para o fundador do Prêmio de Melhor Escola do Mundo, Vikas Pota, a história e a cultura fomentada pelas instituições brasileiras que se destacaram servirão de inspiração para escolas em todo o mundo.

“Todas as escolas selecionadas possuem uma forte cultura escolar. Seus líderes sabem como atrair e motivar educadores excepcionais, inspirar mudanças e construir ambientes excelentes de ensino e aprendizagem”, destaca.

Fonte: Diário do Nordeste