Empresário preso por matar gari em BH relata ‘situação constrangedora’ na prisão e diz que vai reportar a autoridade: ‘Conheço o Greco’
Durante a audiência de custódia em que a Justiça converteu em preventiva sua prisão, por suspeita do assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, o empresário René da Silva Nogueira Junior relatou como foram seus primeiros momentos detido. O executivo contou ao juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno que passou por uma “situação constrangedora” enquanto estava no Centro de Remanejamento (Ceresp) Gameleira e disse que reclamaria diretamente com o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco. O secretário negou ter qualquer relação com René
— A situação está boa, mas só teve uma situação ontem [dia 12] que foi um pouco constrangedora. Eu tenho o nome da pessoa que pediu para eu agachar três vezes quando eu saí da cela. Tinha algumas agentes junto que começaram a falar: ‘Tu matou o gari por quê? Você fez isso, covarde’. Eu falei: ‘Cara, primeiro vocês têm que entender que tem uma investigação em curso — destacou.
Na sequência, o executivo afirmou que vai reportar a situação ao “Greco”, numa referência ao secretário de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, Rogério Greco.
— O nome dessa pessoa eu li. Foi na tarde de ontem. E eu inclusive falei para ele: ‘Eu conheço o Greco e vou falar com ele depois que eu sair daqui, por causa disso’ — avisou.
Em nota enviada ao GLOBO, o secretário negou ter qualquer relação com o empresário.
“O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, Rogério Greco, informa que a declaração do acusado é mentirosa, destacando que não o conhece, nunca conversou ou teve qualquer contato com o preso”, diz a nota.
A Secretaria ainda destacou que todos os procedimentos aos quais René foi submetido “estão previstos no documento chamado ReNP – Regulamento e Normas de Procedimentos do Sistema Prisional de Minas Gerais” e reforçou que “não houve distinção de tratamento” entre ele e os demais detentos.
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René afirma que dormiu no chão após prisão por morte de gari
Na audiência, René também disse ter sido fotografado enquanto estava sob custódia e relatou ter dormido “no chão. Ele foi preso na terça-feira, horas depois de, segundo a polícia, abrir fogo contra garis numa briga de trânsito no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte (MG).
O juiz Damasceno determinou que o detento recebesse um colchão e não pudesse ser fotografado na unidade prisional. O magistrado ordenou, ainda, que o executivo receba o atendimento médico e medicamentoso “que se fizer necessário”, já que relatou fazer uso de medicação controlada.
“Oficie-se à Unidade Prisional para que forneça ao autuado atendimento médico e medicamentoso que se fizer necessário, diante do relato de que faz uso de medicação controlada, assim como disponibilize colchão. Conste do ofício, ainda, a proibição de que se realizem fotografias do autuado dentro da Unidade Prisional, tudo conforme requerido pela Defesa”, destacou o juiz.
Damasceno negou o pedido de decretação de sigilo dos autos e justificou que a publicidade dos autos é a regra na legislação brasileira. Ele reforçou que, apesar da repercussão, não há neste caso os requisitos do Código de Processo Civil para impor o sigilo, como interesse social ou a existência de dados protegidos pelo direito à intimidade.
Informações: O Globo
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