Mais da metade dos alunos que fizeram o 3º ano do ensino médio em 2023 no Ceará tiveram aprendizado de Matemática abaixo do básico, conforme estudo do Todos Pela Educação lançado nesta segunda-feira, 28.A taxa de 54,7% foi 5,1 pontos percentuais maior do que em 2019. O dado mostra o impacto da pandemia no ensino básico.
Com base nas notas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2023 e equivalências com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Todos pela Educação elaborou notas de corte que permitem a análise dos estudantes com aprendizado adequado e com aprendizado abaixo do básico.
No Ceará, em todas as etapas da educação analisadas (5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio) houve piora nos indicadores de aprendizado abaixo do básico, tanto em Matemática quanto em Língua Portuguesa.
“Isso é uma tendência da maioria dos estados. Infelizmente, quando olhamos para 2023 comparado a 2019, grande parte dos estados teve um aumento nesse percentual dos estudantes abaixo do básico. E o Ceará também seguiu essa tendência com aumento em todas as etapas e nas duas disciplinas”, explica a gerente de Políticas Educacionais da instituição, Manoela Miranda.
A análise mostra que embora haja sinais de recuperação, a aprendizagem dos estudantes não voltou aos patamares de 2019. As desigualdades educacionais são persistentes e, de acordo com o estudo, em alguns casos se aprofundaram. As desigualdades raciais na aprendizagem são, em 2023, maiores que em 2013.
Ceará tem melhores taxas de aprendizado adequado no 9º ano do EF
Um dos aspectos em que o Ceará se destaca é nas taxas de aprendizado adequado do 9º ano do ensino fundamental. O Estado é o primeiro no ranking de proporção de estudantes que atingiram o aprendizado satisfatório, com 46,6% em Língua Portuguesa e 26%.
“Ambas as disciplinas tiveram um avanço, por mais que não tão grande, mas tiveram um avanço comparado a 2019, o que é importante destacar, porque poucos estados conseguiram avançar de 2019 a 2023”, destaca Manoela.
A especialista ressalta ainda que o Estado também está entre os cinco com maior percentual de aprendizagem adequada nas duas disciplinas no 5º ano.
“É um trabalho que vem sendo feito desde o início do ensino fundamental, com alfabetização, com jovens chegando com aprendizagem mais adequada também nessa segunda etapa do ensino fundamental. É claro que se olharmos, metade dos estudantes não tem aprendizagem adequada, porém, na realidade do Brasil, é um resultado bastante positivo”, afirma. Recomposição da aprendizagem é necessária Manoela defende um conjunto de políticas estruturantes para melhorar as taxas de aprendizado no pós-pandemia.
“Políticas como recomposição da aprendizagem, formação de professores, revisão curricular, atenção às defasagens e investimento desde a alfabetização e no ensino fundamental são muito importantes, para que a gente evite que os estudantes cheguem ao ensino médio com tantas lacunas de aprendizagem”, diz.
Fonte: O Povo Online