Estudantes de Fortaleza postam fotos no Face ao lado de cadáveres

Adolescentes seguram uma mão enquanto posam para foto (Foto: Reprodução/Facebook)
Adolescentes seguram uma mão enquanto posam para foto
Estudantes do ensino médio de uma escola particular de Fortaleza fizeram fotos com cadáveres do Laboratório de Anatomia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e publicaram no Facebook. Mas, segundo a Diretora do Departamento de Saúde da Uece, Gláucia Posso Lima, não é permitido tirar fotografias dos corpos do laboratório e os adolescentes não tinham autorização para entrar no local.
As diversas imagens mostram os alunos posando ao lado de cadáveres, segurando mãos, fetos e até bebês totalmente formados. Um dos estudantes que participaram da visita ao laboratório disse que se tratava de uma aula de campo. Ele afirmou que o professor de biologia levou os estudantes na tarde do último dia 23 onde passaram cerca de duas horas com os cadáveres.
“Os laboratórios são alugados, mas como ele [professor] é de lá ele conseguiu que a gente fosse pagando apenas o jaleco, as luvas e as máscaras”, conta o estudante. Ele disse ainda que, em um determinado momento, o professor os deixou sozinhos na sala e autorizou as fotos. “Ele disse que só não podia tirar foto dos rostos [dos corpos]”, afirmou o aluno. Estudantes do 3º, 2º e 1º anos participaram da visita.
O aluno disse ainda que o professor chegou a posar nas fotos com a turma. “Ele disse que seria bom [postar no Facebook] porque iriam fazer perguntas. Eu pus pra ter algo no face”, destaca. Por telefone, o professor de biologia disse não ser funcionário da Uece e afirmou que somente se pronunciaria após esclarecer o fato com a universidade. 
  • Gláucia Posso Lima confirmou que o professor de biologia não é funcionário da universidade. Segundo ela, estudantes de escolas públicas ou particulares não têm autorização para terem aulas no Laboratório de Anatomia. A diretora e professora da Uece afirma que está investigando como os estudantes entraram na instituição. “Quero saber como, quem trouxe, já pedi a lista de nomes de entrada na portaria”, disse ela, completando, “e a gente não usa aquele material descartável [jaleco e máscaras], porque não protege contra o formol. Usamos jaleco de tecido e máscaras com filtro, os descartáveis não servem de nada. E não há isso de alugar o laboratório, vamos investigar tudo”.

  • Legislação
  • Segundo advogado Ricardo Madero, se houve permissão para a entrada dos estudantes, o professor pode ser responsabilizado civilmente e criminalmente. “Existe o direito à privacidade, o direito de imagem e o respeito aos mortos e essas imagens não poderiam ter sido divulgadas”. Para o advogado, o primeiro passo para apontar os responsáveis é a instauração de procedimentos administrativo e criminal. “Se houve invasão, houve falha na vigilância e a Uece deve ser responsabilizada por não ter tomado os cuidados necessários”.
  • Ricardo Madero disse, ainda, que apenas um inquérito policial pode esclarecer o que realmente aconteceu e apontar os responsáveis. As imagens foram retiradas do Facebook na tarde de quarta-feira (7).

  • Informações: G1