O União Brasil e o Partido Progressistas (PP) formalizam a federação entre as legendas nesta terça-feira (19), em Brasília (DF), resultando na criação da União Progressista. A partir da deliberação das executivas nacionais, os diretórios estaduais deverão resolver impasses internos, como é o caso do Ceará, onde há nomes das agremiações em campos distintos.
Conforme lideranças cearenses ouvidas pelo PontoPoder, ainda não há um acordo fechado entre as legendas acerca do novo arranjo partidário, principalmente em relação ao comando estadual. No entanto, já se sabe que a presidência no Ceará ficará com o União Brasil, que possui uma bancada federal maior em comparação com o PP.
Atual presidente do União no Ceará, o ex-deputado federal Capitão Wagner (União) confirmou à reportagem que estará na representação estadual da federação, com os quatro deputados federais cearenses — Danilo Forte (União), Dayany Bittencourt (União), Fernanda Pessoa (União) e Moses Rodrigues (União) —, e dois integrantes do PP. A composição deverá definir a presidência do novo diretório estadual.
Capitão Wagner confirmou que o alinhamento inicial é que o partido deve seguir na oposição ao Governo do Estado. “Eu vou aguardar amanhã a divulgação de quem vai ficar na presidência para que a gente possa confirmar isso”, pontuou.
Segundo o político, outra definição da executiva será em relação à ocupação de cargos de nomes dos partidos nos governos federal e estadual. “A gente vai aguardar a orientação da nacional, se a orientação é o desembarque completo, se ele vai ter que acontecer, certo? Mas a gente vai aguardar essa reunião para definir essas questões”, complementou.
“A gente deve ter a filiação do Roberto Cláudio nos próximos dias. A gente vai aguardar aí a definição do Ciro Gomes, se vai para o PSDB ou se vem para o União. Até a minha opinião que, pela proximidade que ele tem com o Tasso e possivelmente um compromisso anterior, ele deva ir para o PSDB. Mas a gente vai estar começando a construção tanto da chapa majoritária, que tem vaga de governador, de vice, dois senadores, quatro suplentes, como também nas proporcionais” – Capitão Wagner
Impasses internos
Embora alguns membros estejam diretamente ligados à oposição no Ceará, uma ala do União Brasil está mais sensível ao diálogo com o grupo governista, representada pelos deputados federais Fernanda Pessoa e Moses Rodrigues. Foi o que revelou o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), durante uma entrevista ao PontoPoder, em maio deste ano.
Em contato com a reportagem, Fernanda Pessoa, que é a atual 1ª vice-presidente da legenda no Ceará, ponderou que ainda não há definição sobre a federação estar na oposição estadual. Isso, segundo a parlamentar, passa também pelo cálculo da relação com as prefeituras que são suas respectivas bases eleitorais, como é o caso de Maracanaú, comandada por Roberto Pessoa (União), pai dela.
“Vamos conversar, ver quem vai presidir a Federação, aí isso vai ser uma escolha, vai ser uma votação”, indicou Fernanda Pessoa. “Nós temos o diálogo, temos que conversar, através do diálogo mesmo, alguém tem que ceder alguma coisa, não vai dar para agradar a todos”, salientou.
Já a nível federal, a deputada também não crava uma postura. “Ainda não tem nada definido. Como eu falei e sempre eu falo, nós temos três ministérios. Eu só acredito na oposição se nós fizermos a entrega dos ministérios. Como é que você não quer fazer mais parte de um governo e não entrega os ministérios? Então vai ficar em cima do muro?”, questionou.
Mesmo com a postura exposta pela parlamentar, há a possibilidade da federação ser oposição e liberar nomes dos partidos para ficarem no Governo Lula (PT), como Celso Sabino (União), do Ministério do Turismo, e André Fufuca (PP), dos Esportes, segundo informações da coluna Painel, da Folha de S.Paulo. Será preciso aguardar para entender se a deliberação também valerá em relação ao Estado do Ceará.
PP na base do Governo Elmano
Outra aresta que ainda deve ser alinhada no Estado diz respeito ao PP. Atualmente, o partido compõe a base do Governo Elmano de Freitas (PT) e o vice-presidente da legenda no Ceará, o deputado licenciado Zezinho Albuquerque (PP), é o titular da Secretaria de Cidades.
Em contato com o PontoPoder, Zezinho Albuquerque afirmou que ainda não foi comunicado de nenhuma definição e que aguarda as deliberações que serão alinhadas a partir do encontro em Brasília, por meio do presidente nacional da sigla, Ciro Nogueira (PP).
“Deixa decidir lá em Brasília, porque aí a gente vai ter que decidir quem é o presidente da federação aqui. Tem várias coisas para serem resolvidas. Por enquanto, não tem nada consolidado, não. Deixa vir as diretrizes lá de Brasília e, aqui, a gente vai conversando com os amigos do partido União” – Zezinho Albuquerque (Vice-presidente do PP Ceará)
Sobre a ideia de seguir junto ao governador, o político foi taxativo. “Tranquilamente. Não tenho nenhum problema de ficar na base do governo. Eu sou secretário de governo, eu votei no Elmano para ser governador. Não tenho como deixar de votar no governador Elmano, isso não passa nem pela cabeça”, enfatizou Zezinho.
O PontoPoder também acionou o presidente da sigla no Ceará, o deputado federal AJ Albuquerque (PP), que é filho de Zezinho. No entanto, não houve retorno às tentativas de contato.
Instalação da federação
Lançada em maio deste ano, a federação União-PP ganha mais um capítulo nesta terça-feira (19), a partir da oficialização que ocorrerá em Brasília. Após o evento, o processo segue para aprovação do registro da “União Progressista” pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O procedimento que formaliza a federação começará pela manhã, quando as executivas do União Brasil e do Progressistas realizarão suas últimas convenções antes da união ser oficializada, em locais diferentes da capital federal. No período da tarde, as duas legendas se reunirão no mesmo local, quando será realizada a primeira convenção oficial da Federação União Progressista.
Além de apreciar e aprovar o Estatuto do novo arranjo partidário, os líderes das siglas também debaterão aspectos operacionais e diretrizes que orientarão o funcionamento da federação em âmbito nacional, segundo divulgado pelo União Brasil.
Conforme os partidos, o União Brasil e o Progressistas somam 109 deputados federais e 15 senadores. Além disso, são seis governadores e quatro vice-governadores.
Na Assembleia Legislativa do Ceará, há Felipe Mota (União), Heitor Ferrer (União), João Jaime (PP), Leonardo Pinheiro (PP), Sargento Reginauro (União) e Almir Bié (PP). Já nas câmaras municipais pelo Estado, foram eleitos 109 vereadores do União Brasil e 149 do PP.
Os dois grupos também passarão a governar o maior número de municípios brasileiros, com mais de 1,3 mil prefeituras – 18 delas no Ceará, incluindo importantes colégios eleitorais, como Maracanaú e Sobral.
Fonte: Diário do Nordeste