Adesão crescente de categorias à greve geral de hoje, em ato nacional contra reformas da Previdência e trabalhista, dá força à pressão popular e política contra atuação e projetos do governo do presidente Michel Temer (PMDB). Resultado de paralisações pode atrasar ainda mais andamento do projeto de reforma da Previdência e complicar discussão da trabalhista no Senado Federal. Centrais sindicais preveem paralisações de serviços essenciais em todos os 27 Estados brasileiros e Distrito Federal.
Com o Congresso Nacional fervendo ao calor das reformas, a presidência da República viu necessidade de recuo ao adiar ainda mais discussão das alterações na Previdência, e sofre forte críticas de lideranças partidárias no Senado pela reforma trabalhista. Nesse contexto, governo Temer deve viver, hoje, embate mais decisivo em 11 meses de gestão.
Caso haja sucesso dos atos, segue-se golpe duro à articulação política de Temer, que cambaleia mesmo dentro do próprio partido e arrisca perder apoio de parlamentares sob juízo de eleitores que chegam às urnas em breve. Com o fracasso dos protestos, Temer teria um problema a menos para se preocupar, já que a pressão sobre os parlamentares não seria tão forte e mudanças na Previdência seriam aprovadas com mais tranquilidade.
Paralisações no Ceará
Até a noite de ontem, 54 prefeituras do Ceará haviam decretado ponto facultativo ou liberaram servidores por conta da greve geral, segundo a Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Ceará (Fetamce). A apuração ainda aponta que pelo menos 73 municípios organizaram atos contra as reformas de Temer.
Na Capital, diversos setores devem aderir à greve e paralisar serviços. A maior expressão de protesto deve vir do transporte coletivo urbano de Fortaleza, com expectativa de 100% de paralisação dos ônibus, por parte do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Ceará (Sintro), que deve atingir grande parte dos trabalhadores, a partir das 6h30min.
Na rede municipal e estadual de ensino público, a Associação dos Professores de Estabelecimentos Oficiais Ceará (Apeoc) estima paralisação em 716 escolas. Servidores de saúde, por sua vez, foram todos convocados a integrar a greve geral, segundo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Ceará (Sindsaúde).
A categoria da Guarda Municipal de Fortaleza deve ir mais além, segundo o sindicato, e planeja se concentrar em frente à sede e queimar “um Judas na figura de Moroni Torgan (DEM)”, vice-prefeito de Fortaleza. Todos devem se reunir no ato central que se concentra às 9 horas, na Praça Clóvis Beviláqua – conhecido como Praça da Bandeira.
Jornalista, editor chefe e blogueiro raiz