Idosos ampliam presença em cursos de graduação no Brasil
A participação maior desse público exige a adoção de estratégias de inclusão por parte das instituições de ensino, para facilitar a assimilação
Idosos vêm registrando mais participação em cursos de graduação, no Brasil, com dados apontando crescimento nesses números tanto para cursos presenciais quanto na Educação a Distância (EaD).
Nos últimos dez anos, o número de pessoas acima de 60 anos matriculadas em graduações presenciais aumentou 22%, enquanto nos cursos a distância o salto foi impressionante: 672%. Os dados são do Mapa do Ensino Superior no Brasil, estudo apresentado pela Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp).
No Dia Internacional da Pessoa Idosa e Dia Nacional do Idoso, histórias como a de Ivison Freire mostram que nunca é tarde para recomeçar – nem para realizar antigos sonhos. Ele, que adiou por décadas o desejo de se tornar engenheiro civil, hoje ocupa uma das cadeiras de uma faculdade em Fortaleza, após ingressar no ensino superior aos 60 anos.
“Quando eu me casei, em 1981, eu fui trabalhar com meu pai, que na época tinha uma loja da área de materiais para construção, isso foi me dando com o tempo o desejo de entrar para a área”, relembra Ivison. Apesar da distância dos bancos universitários, ele nunca abandonou completamente o sonho. Trabalhando na construção civil desde jovem, acumulou conhecimento prático, mas sentia falta da base teórica. “Muitos anos fazendo pequenas e médias reformas em obras e você faz de forma empírica, né? Mas o conhecimento técnico dá maior respaldo.”
A jornada de Ivison não é um caso isolado. Para Lucas Moraes, engenheiro civil e coordenador do curso de Engenharia da Faculdade INBEC, esses dados revelam um movimento importante, mas ainda desafiador. “Segundo os dados mais atuais do IBGE, de 2022, a gente está falando de 32 milhões de pessoas com mais de 50 anos de idade, e isso representa 15% da população nacional. Mas a gente está falando de menos de 3% de matrículas de pessoas com essa faixa etária. Então existe aí uma grande jornada ainda de inclusão.”
Além dos desafios acadêmicos e da readaptação à rotina de estudos, vencer o preconceito etário também faz parte dessa trajetória. Ivison contou com o apoio especializado da instituição para superar as dificuldades do retorno aos estudos. “O Ivison recebeu apoio da nossa psicopedagoga, que é uma profissional especializada em estabelecer e traçar estratégias de aprendizado para ele conseguir fazer esse reingresso e se habituar à nova rotina com tranquilidade”, destacou Lucas.
Para além de uma conquista pessoal, a decisão de voltar a estudar teve impacto direto na família. “Eu tenho um filho que diz assim: pai, o senhor foi minha inspiração, é minha inspiração. Voltar a estudar”, conta, emocionado. A filha também seguiu o exemplo e concluiu a graduação em enfermagem, iniciando agora uma pós-graduação.
Única faixa de idade com aumento proporcional no ensino superior presencial
Os dados da Semesp apontam ainda que, nos cursos presenciais, houve redução proporcional de participação em todas as faixas de idade, exceto no caso dos idosos, que tiveram aumento de 22,1%. A maior redução foi registrada na faixa de 30 a 34 anos, com diminuição de 52,7% em 2023, em comparação a 10 anos atrás, no ano de 2013.
Fonte: Gcmais