Investigação aponta envolvimento de servidores públicos em contrabando de fósseis no Cariri
A Operação Santana Raptor da Polícia Federal evidenciou detalhes de como funcionava um esquema de comercialização de fósseis para pesquisadores importantes da paleontologia brasileira. A apuração do Ministério Público Federal (MPF), inclusive, indica a participação de servidores públicos das instituições federais e estaduais, que facilitariam a saída deste material da Bacia Sedimentar do Araripe, na região do Cariri.
A denúncia chegou à Procuradoria de Juazeiro do Norte, há cinco anos. O comércio ilegal se daria da seguinte forma: os trabalhadores das mineradoras, que realizam a extração do calcário laminado e eventualmente encontram fósseis – os chamados “peixeiros”, por ser comum extrair peças de peixes -, repassariam para os “atravessadores” que, em contato com os pesquisadores, entregariam as peças mais raras.
O contrabando geralmente acontecia durante trabalhos de campo com alunos e professores, que, apesar de realizarem uma comunicação prévia à Agência Nacional de Mineração (ANM), levaram materiais já encomendados, os quais eram transportados ao Rio de Janeiro para pesquisa. A partir deste desvio, surgiram trabalhos relevantes do ponto de vista científico, publicados em importantes revistas internacionais.
A Polícia Federal cumpriu, ontem (22), 19 mandados de busca e apreensão. Três pessoas foram detidas em posse de fósseis em Santana do Cariri e Nova Olinda. Também foram recolhidos celulares, computadores e documentos. Um dos locais visitados pelos agentes foi o Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde trabalha o principal pesquisador investigado.
A denúncia aponta ainda que este pesquisador carioca seria o responsável por pagamentos aos atravessadores para ter acesso a peças mais difíceis de encontrar, como pterossauros e anfíbios.
Fonte: Diário do Nordeste