Irmãs morrem de Covid no mesmo dia, menos de uma semana após perderem a mãe para a doença em Icó

Uma família da zona rural de Icó, no Centro-Sul do Ceará, perdeu três pessoas vítimas da Covid-19 em menos de uma semana. Quatro dias após a morte da mãe, duas irmãs não resistiram às complicações clínicas e faleceram praticamente juntas neste sábado (20). Os óbitos foram atestados em um intervalo de apenas seis horas de diferença.

Joaquina Félix, 62, morreu às 11h40, e Raimunda Félix, de 54 anos, às 17h30, nas alas de terapia intensiva da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Icó, onde estavam intubadas em quadro clínico grave causado pelo novo coronavírus.

A mãe delas, a senhora Maria Rosária, 81, havia recebido cuidados médicos no mesmo equipamento de saúde, mas faleceu na última terça-feira (16). A idosa também precisou de ventilação mecânica após o pulmão perder a capacidade de oxigenar o sangue.

Internação

Segundo a coordenadora do Anexo Covid de Icó, Tamires Figueiredo, a idosa de 81 anos deu entrada na UTI no dia 8 de março. Antes disso, ela já estava internada no setor de retaguarda para casos leves a moderados da doença pandêmica.

Durante o tempo em que esteve nos leitos clínicos, Maria Rosária era acompanhada pelas duas filhas, que podiam se revezar em plantões de 12 ou 24 horas, dependendo da disponibilidade de cada uma. A presença delas só foi aceita tendo em vista a faixa etária da mãe.

“Elas que ficavam com a mãe. A gente tenta não ter acompanhante. Só liberamos quando são pessoas idosas, com comorbidades, que não conseguem por si só desenvolver as atividades de vida diária, como ir ao banheiro ou se alimentar sozinhos”, explicou Tamires.

Agravamento

Contudo, depois que a mãe foi transferida para a UTI em situação crítica, as filhas não tiveram mais acesso, já que o local é restrito a profissionais de saúde e pacientes. “Ela deu entrada bem grave. Teve a piora, foi intubada e faleceu no dia 16 de março”.

No dia seguinte à morte da idosa, Joaquina precisou ser acolhida na UTI. Cerca de 24 horas mais tarde, no dia 18 de março, foi a vez de Raimunda. As duas vagas para os leitos de alta complexidade surgiram mediante alta hospitalar. Assim como a mãe, no entanto, elas também evoluíram rapidamente para óbito.

“A Joaquina entrou com quadro clínico muito grave, teve quadro de hiposaturação, a ventilação não invasiva não era mais suficiente e foi necessária a intubação. A Raimunda estava muito instável, tinha todo um comprometimento, tanto pulmonar quanto o coração também já não estava bem”, descreveu a coordenadora da UTI.

Ainda segundo a enfermeira, o cenário epidemiológico do município é motivo de alerta constante. “Os casos só aumentam e o risco de transmissão está altíssimo”, resume. A plataforma IntegraSUS, atualizada às 8h54 deste domingo (21), aponta que o município tem 3.730 pessoas infectadas. Desse número, 3.316 conseguiram se recuperar e outros 56 evoluíram para óbito. A taxa de letalidade está em 1,5%.

O Diário do Nordeste não conseguiu localizar os familiares de Maria Rosária, Joaquina e Raimunda.

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