No Ceará, 42% da população sobrevivem com até R$ 420 mensais. São quase quatro milhões de pessoas na condição econômica de pobreza. Se considerarmos uma renda de R$ 145, de extrema pobreza, a porcentagem é de 12%. Os resultados, de 2018, são críticos, mas ainda conseguem exibir um cenário melhor do que o ano anterior.
“A crise fez com que os patamares aumentassem, mas a partir de 2016 e 2017 começa uma lenta, mas importante redução. Qualquer mudança de tendência é importante”, avalia o diretor do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mario de França. Ele ressalta que a linha de pobreza considerada pelo IBGE fixa US$ 5,50 por dia para pobreza e US$ 1,90 para extrema pobreza. “Essa linha, que é do Banco Mundial, é importante porque permite comparações internacionais”, ressalta.
Apesar de redução de 1,6 ponto percentual na proporção de pobreza e na estabilidade da extrema pobreza, entre 2017 e 2018, o Ceará ainda tem muitos desafios. João Mario explica que mesmo com a retomada do dinamismo econômico acontecendo, ainda levará muito tempo para que pobres e muito pobres melhorem o rendimento no mercado de trabalho.
“Eles têm baixa qualificação, poucos anos de estudo, não têm um curso técnico ou uma habilidade específica. Na crise, são os primeiros a perderem o emprego. E, na retomada, são os mais difíceis de se recolocarem”, detalha o diretor do Ipece.
O real crescimento monetário, destaca João, acontecerá no longo prazo. Com políticas que invistam no desenvolvimento infantil, com acesso à alimentação saudável, aprendizado e oportunidades. Principalmente junto às famílias que estão em condições de vulnerabilidade social extremas.
“Pensando no público adulto, existem dois mecanismos: a importância de programas como o Bolsa Família, que consegue manter as pessoas pelo menos num patamar digno de sobrevivência. Mas junto com isso é preciso manter cursos de qualificação e requalificação profissional”, argumenta.
O economista Ricardo Coimbra ressalta que grande parte dos 42% da população cearense vivendo na pobreza está no interior do Estado. “Muito provavelmente alojada nos municípios menores, mais distantes e que têm dificuldade de se inserir na atividade econômica”, comenta. Um problema estrutural, que precisa gerar um desenvolvimento de interiorização. Conforme o economista, tem acontecido, mas ainda de forma lenta.
Outros dados específicos do Ceará, de acordo com o documento do IBGE, exibem uma renda domiciliar per capita entre R$ 847 e R$1.025; e uma taxa de desocupação que passou de 7,1% em 2014 para 11,5% em 2018. Considerando jovens entre 14 e 29 anos, 22,3% não estão ocupados.