Mortalidade materna no Ceará cresce 59% depois de três anos em queda

A razão de mortalidade materna do Ceará, que calcula uma taxa entre as mortes de gestantes e puérperas e o número de nascidos vivos, aumentou 59% de 2019 para 2020. As grávidas e puérperas do Estado foram parte de um dos grupos que mais sofreu as consequências da pandemia de coronavírus. Com a qualidade do pré-natal impactada e efeitos graves da infecção por Covid-19, a razão da morte materna que vinha diminuindo desde 2016 acabou voltando a crescer.

Em 2015, o valor do índice era de 52,8. No ano seguinte, em 2016, esse número cresceu para 67,3. Desde então, a razão voltou a diminuir, chegando a 57,3 em 2019. No entanto, com a pandemia, em 2020 esse número chegou a 92,8. Ao todo, nesses seis anos, 507 óbitos maternos foram registrados no Estado. A taxa de 2020 foi três vezes maior do que a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU), que busca reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 30 por 100 mil nascidos vivos até 2030.

Para a pesquisadora Sônia Bittencourt, do departamento de epidemiologia da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a fragilidade da assistência às gestantes foi exposta durante a pandemia. “A cobertura do nosso pré-natal é considerada alta em termos de acesso, mas em termos de processo, da qualidade da consulta, sempre tem muitos desafios a serem alcançados na melhoria dessa assistência”, diz. A hipertensão e as hemorragias são complicações evitáveis com acompanhamento de qualidade.

FONTE: A voz de Santa quitéria