Mudança de parada das vans causa muitos transtornos

A vendedora Maria Edineth da Costa, moradora do município de Graça, a cerca de 78 quilômetros de Sobral, no Norte do Estado, trafega com assiduidade entre os dois municípios por causa do trabalho. A necessidade diária faz com que Edineth dependa exclusivamente do transporte feito por vans; e, o que para ela já era difícil, ficou ainda mais complicado, com a mudança dos pontos de parada desse tipo de transporte distrital e intermunicipal, tanto para passageiros que se deslocam para Sobral, vindos de cidades da Serra da Ibiapaba, como de outros municípios como Pacujá, Cariré e Coreaú e distritos. A novidade é que, há cerca de dois meses, os carros, que antes estacionavam nas imediações dos Correios, no Centro, agora estão a cerca de 600 metros de distância.
A maior reclamação de passageiros como Maria Edineth é quanto à falta de estrutura do local improvisado, assim como a falta de segurança. “Aqui, não há banheiros ou o mínimo de conforto para quem aguarda pelos carros. Ficamos expostos ao sol, nas calçadas e cantos de muros. Se, antes, ainda havia uma certa comodidade por estar no Centro, com locais para refeições ou lanches, entre uma viagem e outra, agora, às vezes, tenho que me deslocar de mototáxi, até a nova parada, gastando muito mais”, além do risco de assaltos, por ser um local afastado da movimentação”, reclama ela, assim como motoristas, cobradores e demais usuários.

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Além do tempo perdido para chegar à parada improvisada, a maior reclamação de passageiros é quanto à falta de estrutura física do local improvisado e a insegurança ( Foto: Karrison Mesquita )

De acordo com estimativa da Cooperativa de Profissionais de Transporte Público do Ceará (Cooptrace), diariamente, cerca de 100 passageiros, por rota, se movimentam pelo terminal improvisado em cada uma das dezesseis linhas que circulam pela região, durante o embarque e desembarque, que se estende de 6 horas da manhã, às 18h20 da tarde. Para o cobrador Vinícius de Almeida, a mudança, que pegou a todos de surpresa, também atingiu os passageiros dos distritos vizinhos, que tiveram suas rotas alteradas por conta da mudança. “Os carros, que ficavam há mais de vinte anos em frente aos Correios vieram para este ponto; os estacionados em frente do Mercado Público também foram deslocados para outro local, assim como outros veículos próximos à Rodoviária, que mudaram de ponto de parada”, disse.
De acordo com o motorista Raimundo Ibiapina de Santana, que circula pela linha Sobral-Mucambo, nas primeiras semanas de mudança, por conta da distância, a movimentação caiu cerca de 50%. Hoje, a queda na procura pelo transporte ainda chega a 40%. “Os maiores prejudicados são os passageiros, principalmente crianças e idosos. O preço da van, nessa rota Sobral-Mucambo, é de R$ 8,50, somado aos R$ 7 do serviço de mototáxi, que cobre ida e volta do Centro ao ponto de embarque, torna o deslocamento caro. A não ser, que a pessoa opte por vir a pé”, explica o motorista, que, assim como os demais cooperados e passageiros, aguarda, há anos, a construção de um terminal para esse tipo de transporte.
Plano
Segundo a Prefeitura de Sobral, esse e os demais locais provisórios para o transporte de vans na cidade deverão existir até a construção de um terminal de passageiros, que fará parte do Plano de Mobilidade Urbana, já está em fase de finalização. Em setembro, ocorrerá a terceira audiência pública para ouvir as propostas definidas até agora.
De acordo com Saulo Passos, coordenador de mobilidade da Secretaria de Obras, Mobilidade e Serviços Públicos de Sobral, “já nos reunimos com motoristas e cobradores, na tentativa de organizar o fluxo de veículos e pensar uma estrutura melhor para eles, em todos esses pontos provisórios”, afirma.
Ainda segundo o coordenador, “a Prefeitura está avaliando projetos para resolver toda essa situação das vans, dentro do nosso Plano de Mobilidade, que está inserido no Plano Diretor Participativo, elaborado em 2008, e que prevê a utilização de um transporte multimodal, integrando a utilização das vans ao VLT, com uma tarifa única. A ideia é que utilizemos a antiga estação ferroviária, hoje desativada, para receber o fluxo desses veículos”, ressalta.

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“Achei ruim, pois aqui não há a menor condição de alguém ficar por horas aguardando a chegada de um transporte. O sol é escaldante, e tudo é improvisado, do banco para se sentar, ao banheiro a céu aberto”
Francisco Paulo Rocha
Vendedor ambulante
“Achei péssima a mudança, pela distância que ficamos do Centro da Cidade. Quando não estou disposta a gastar mais com mototáxi para ir ao Centro ou voltar ao ponto de embarque, eu faço esse percurso a pé”
Antônia Cardoso de Sousa
Costureira

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