Municipio de Alcântaras deixa lista de cidades com mais dengue

Image-0-Artigo-2175222-1Localizado na Serra da Meruoca, Norte do Ceará, o município de Alcântaras, com cerca de 11 mil habitantes, comemora queda em torno de 98% nos índices de notificação de casos de dengue, bem diferente do ocorrido no ano passado, quando as equipes de combate às endemias registraram 518 casos confirmados, dos 801 notificados, entre os meses de março e junho. Os dois grandes picos se deram, naquele ano, nos meses de abril, subindo de 139 registros para 183, e maio, passando de 222 confirmações para alarmantes 307 notificações.
Lista de incidência
Os números alarmantes fizeram com que Alcântaras figurasse entre os municípios brasileiros com maiores taxas de incidência da doença, segundo o Ministério da Saúde. O boletim informado, à época, apontava Fortaleza, Varjota (também na região Norte), Jaguaribara e Alcântaras como as 20 localidades que registraram mais ocorrências prováveis da doença em até 100 mil habitantes. Foram 6.801 casos notificados, entre janeiro e agosto, colocando o Município na indesejada segunda colocação entre as cidades brasileiras que registraram a doença. Varjota ficou em terceiro, com 3.318 notificações, e Jaguaribara, com 2.791, na quarta posição nacional.
O trabalho da equipe de combate ao Aedes aegypti, formada por 15 agentes de endemias, segue dividida em 101 quarteirões da zona urbana e mais cinco distritos, em busca de focos do mosquito. Dos seis ciclos de busca ativa realizados ao longo do ano, cerca de 40% já foram finalizados. Segundo o último Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), relativo ao início de dezembro, que relata os casos notificados, prováveis e confirmados de dengue por mês, relacionados ao início dos sintomas e incidência acumulada em cada período, nos municípios cearenses, Alcântaras teve notificados 61 casos, sendo 14 deles considerados prováveis e nove confirmados. Outro dado coletado foi a incidência por 100.000 habitantes, que ficou em torno de 79,5, considerada dentro do controle.
Infestação
Entre 2015 e 2016, não houve registro de morte, segundo a Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Alcântaras. Segundo Eduardo Alcântara, agente de endemias, “estudos realizados pelo Centro de Zoonoses de Sobral identificaram que os índices de infestação alcançaram números de epidemia, devido à instalação de cisternas, no Município, que trouxeram ovos do mosquito, que eclodiram com a chegada da quadra chuvosa. Naquela época também não havia sido repassado, pela Secretaria da Saúde, o larvicida necessário para eliminá-las.
Medidas para minimizar
Além de intensificar o atendimento nas residências, com a conscientização da população quanto à manutenção de possíveis criadouros, os agentes de endemias, com apoio da Sesa, aumentaram em 90% o telamento de cisternas e caixas d’água, na zona urbana, e colocaram em prática um projeto piloto do Ministério da Saúde que disponibilizou um produto químico, em forma de pastilha, para a eliminação das larvas do mosquito. Foram distribuídas mais de 20 mil unidades, ao longo do projeto, que teve duração de seis meses.
Outra medida de sucesso copiada do município de Mucambo, também na região Norte, foi a piscicultura, relacionada ao controle biológico do mosquito, feita com a distribuição da espécie Tricolgate, peixe ornamental de origem asiática, já bem adaptado ao Brasil, que elimina as larvas do Aedes. O município ainda mantém cerca de 2.000 peixes em oito tanques de crescimento e reprodução, a serem distribuídos à população em janeiro do próximo ano, quando houver incidência de chuvas.
Ainda de acordo com Eduardo Alcântara, “essas medidas foram importantes para mudar completamente a situação de epidemia de dengue que nós vivemos em Alcântaras, no ano passado. A situação está sob controle, e agora já nos preparamos para o próximo ano, principalmente com a proximidade do inverno”, alertou.
Casos no Estado
Neste ano, até a 48ª Semana Epidemiológica, de 3 de janeiro a 3 de dezembro, foram notificados 95.690 casos de dengue no Ceará, destes 49.688 (51,9%) prováveis, sendo 36.320 (73,0%) confirmados, o que representa uma redução de 32,4% em relação aos 53.795 casos confirmados em igual período dde 2015. Foram confirmadas 27 mortes por dengue, 11 (40,7%) do sexo feminino e 16 (59,2%) do sexo masculino, a maioria (82,4%) ocorreu em adultos com idades entre 36 e 98 anos e três (17,6%) em crianças de um mês e 11 anos.
Com Informações de Marcelino Jr.