Museu Dom José é o 5º do País em artes sacra e decorativa

Instalado ao lado da Praça do Theatro São João, o Museu Dom José de Sobral faz parte do importante complexo artístico e cultural da cidade. Construído em 1844, o prédio de arquitetura em estilo imperial e características luso-brasileiras, se destaca entre outros importantes edifícios que se espalham pelo Centro Histórico da Cidade, tão bem preservado e tombado como Patrimônio Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com Iphan, o MDJ é considerado o 5º no Brasil em arte sacra e arte decorativa, e 1º no Ceará, não apenas em número de peças, mas em sua importância cultural, com um significativo acervo de objetos, imagens, documentos, textos e bibliografias, distribuídos em 16 variadas coleções, que retratam a cultura regional, datadas dos séculos XVII, XVIII, IXI e XX.
 
Comprado na década de 1930 pela Diocese de Sobral, o antigo sobrado foi, por muitos anos, o Palácio Episcopal de Dom José Tupinambá da Frota, primeiro bispo da cidade, que morou na casa, de 1934 a 1959, ano em que faleceu.
O homem visionário, que por mais de meio século, exerceu seu apostolado, dotando a cidade de instituições educacionais, culturais, sociais e religiosas, ajudou a impulsionar seu desenvolvimento, que apesar dos modernos dias de hoje, ainda traz as marcas daquela época em que a sociedade sobralense floresceu, em meio à região semiárida.
No final do século XIX, Sobral já era uma cidade considerada progressista e culturalmente avançada em relação às demais do Interior do Ceará, com intenso intercâmbio comercial e intelectual com os maiores centros urbanos do Brasil e da Europa, e foi exatamente nesse contexto que o bispo fundou, primeiramente, o Museu Diocesano de Sobral (1951), contando com valioso acervo de 5.000 peças.
Aberto ao público, após sua inauguração oficial em 1971, o prédio passou a ser denominado Museu Dom José, em homenagem a seu antigo morador, tornando-se o equipamento cultural mais expressivo da região Norte, atraindo visitantes e impulsionando o turismo cultural na cidade.
O equipamento continua pertencendo à Diocese de Sobral, tendo como instituição mantenedora a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), com apoio do município. O MDJ é parte integrante do Sistema Estadual de Museus do Ceará (SEM-CE), representando a região da Ibiapaba e Vale do Acaraú.
A integração com a UVA lhe confere peso de extensão cultural, contribuindo para a formação de quadros nas áreas científica, educativa e museológica, distribuídas nas vertentes de divisão cultural, proporcionando atividades de exposições e ações educativas, oficinas pedagógicas e programas de extensão às comunidades vizinhas, e a Divisão Científica, que inclui laboratório de paleontologia, com programas de difusão científica, coleta e catalogação de fósseis, biblioteca especializada em Museologia e História local, além de pesquisas em diferentes áreas do conhecimento.
Museu
Após uma série de reformas, entre os anos de 1990 e 1996, o Museu Dom José reabriu suas portas, inaugurando uma fase de dinamismo e mais aproximação com a sociedade, expandindo suas exposições, com doações de diversas peças registradas em seu inventário e extenso catálogo, de 1997 a 2007. Dividido em pavimento térreo e pavimento superior, o passeio pela história de Sobral começa na Sala Imaginária, que mantém imagens sacras dos séculos XVI e XVII. A representatividade das esculturas revela a chegada, ao Brasil, dos primeiros artistas e artesãos da Europa como barreiros, talhadeiros, santeiros, prateiros, arquitetos, carpinteiros e marceneiros que, acompanhando o avanço da catequese e da colonização, construíram e adornaram as capelas e igrejas dos sertões e litoral.
Visitação
A sala das imagens, dividida em dois pisos, chamou a atenção da aluna Thalyta Rodrigues Lima, que veio ao Museu por meio de uma visita agendada pela escola. Após ouvir o relato da guia, que acompanha as turmas da rede pública de ensino do município, a estudante, de onze anos, se disse encantada, não apenas com o que encontrou no lugar, mas também pelas histórias aprendidas ali. “Eu gostei muito de saber mais sobre a criação dessas imagens, de onde elas vieram, e a importância delas ao longo dos anos. O que me chamou atenção também foi a variedade do material usado nas peças, como ma
Na Coleção Mobiliário, o visitante mergulha no ambiente do Brasil Colônia, onde se destacam as artes da talha, escultura e pintura. Os estilos são variados, com representação no Império; Eclético; estilo Neo-rococó; Austríaco; Pernambucano, com traços naturalistas; Art Déco, Noveau, Popular, entre outros.
Conforme Ilse Girão Capote, vice-diretora da Instituição, e com vinte anos de dedicação ao lugar, “a importância do Museu Dom José está, não apenas no número de peças que ele compõe, mas no valor histórico e artístico para o Estado, assim, como a parte educacional, atuando como Museu Itinerante ou museu-escola, além dos convênios firmados com o município, que garantem o acesso da rede pública de ensino. Em 2016, recebemos mais de 2 mil alunos”.