Na pandemia, entregadores trabalham mais e ganham menos: 15h por dia para faturar R$ 2 mil no mês

Sem conseguir uma recolocação no mercado de trabalho, Ricardo Rodrigues resolveu apostar nas atividades ligadas a aplicativos. Após a experiência, no entanto, percebeu que para garantir um salário de R$ 2 mil a R$ 2,4 mil por mês, ele teria que rodar uma média de 15 horas diariamente.

Primeiro, ele se cadastrou como motorista da 99, atividade na qual ficou por oito meses até ter o carro roubado durante uma corrida no início do ano. Sem ter encontrado o veículo ainda, ele resolveu fazer entregas, também por aplicativo.

Passei apenas um mês. Quando vi a realidade, parei. É pouco remunerado. Para tirar R$ 2 mil, tem que roda no mínimo 15 horas de segunda a segunda”, afirma.

Ele detalha que, do pouco que ganhava durante as oito horas que costumava trabalhar, ainda tinha que pagar combustível e alimentação. “Agora estou só fazendo entregas para a minha sogra, que tem uma mamitaria”, revela.

Mudança de rumo

A baixa remuneração e as más condições de trabalho também estão desestimulando Roseberg Nunes de Oliveira, que, assim como Ricardo, viu nas entregas uma alternativa ao desemprego.

Ele conta que está no ramo desde 2018 e que é cadastrado em vários aplicativos, iniciando às 10h e parando somente às 21h. “Agora, to rodando só no iFood, mas tenho passado dia todo e não faço quase nenhuma entrega. Eles aceitaram muitos cadastros para baratear as entregas”, aponta.

Ele lembra que a redução no número de pedidos começou desde dezembro do ano passado e foi acentuada pela pandemia. Antes dessa situação, Roseberg revela que conseguia ganhar em torno de R$ 550 por semana, valor que caiu para R$ 46,90 na semana entre os dias 29 de junho e 5 de julho.

Por não conseguir mais fazer da atividade a principal fonte de renda, ele está investindo no próprio negócio: um pet shop. “Durante o dia, eu quero trabalhar na loja e à noite complementar a renda com o aplicativo, fazer dele uma renda extra”, aponta.

Falta de assistência

O motoboy ainda reclama da assistência durante a pandemia e alega que as plataformas forneceram Equipamentos Individuais de Proteção (EPIs) apenas uma vez logo no início.

Infomações Diário do Nordeste