Nepotismo em Apuiarés: MP recomenda exoneração de secretário que é filho da prefeita e não comprova qualificação para o cargo
Um novo episódio envolvendo suspeita de nepotismo voltou a agitar os bastidores da política cearense. O Ministério Público do Estado do Ceará, por meio da Promotoria de Justiça Vinculada de Apuiarés, recomendou oficialmente que a prefeita Anaracy Pinto Pinho Rufino exonere o atual secretário de Governo do município, Davi Pinho Rufino — seu próprio filho.
A recomendação, assinada pela promotora de Justiça Lara Dourado, evidencia a falta de qualificação técnica e experiência comprovada por parte do secretário, o que, segundo o MP, viola os princípios constitucionais da administração pública, como legalidade, impessoalidade e moralidade. Para o Ministério Público, o caso se enquadra como prática de nepotismo.
De acordo com a apuração do MP, Davi Rufino não apresentou diploma de conclusão do ensino superior, apenas uma declaração de matrícula em curso de Administração. Ainda segundo os autos, a experiência profissional apresentada pelo secretário inclui atuação como delegado do futsal escolar em competição sul-americana e rendimentos recebidos pela Assembleia Legislativa do Ceará (ALECE) e por uma empresa privada, a CRIART — nenhum deles diretamente relacionado com a função estratégica de secretário de Governo.
Além da recomendação de exoneração imediata, a promotora também orienta que a prefeita se abstenha de realizar novas nomeações de parentes para cargos de confiança, salvo se comprovadamente houver qualificação técnica e experiência compatível.
A gestão da prefeita Anaracy Rufino ainda não se pronunciou oficialmente sobre a recomendação do Ministério Público. O caso levanta debates sobre os limites éticos na ocupação de cargos públicos e o uso político de nomeações, especialmente em pequenas cidades onde estruturas familiares frequentemente se confundem com estruturas administrativas.
A população aguarda uma resposta firme da Prefeitura de Apuiarés, enquanto o MP mantém a recomendação sob observação, podendo adotar medidas judiciais caso a determinação não seja acatada.