O número de feminicídios registrados no Ceará caiu 46% nos três primeiros meses de 2025, segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). O levantamento aponta uma redução expressiva em comparação com o mesmo período dos últimos três anos, consolidando uma tendência positiva no combate à violência letal contra mulheres.
Também houve queda nas ocorrências relacionadas à Lei Maria da Penha, que tipifica diferentes formas de violência doméstica, como psicológica, moral, patrimonial e física. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram registradas 3.972 ocorrências, o que representa uma redução de 5,67% em relação ao mesmo período de 2024.
A advogada Thayná Silveira, que atua na defesa dos direitos das mulheres, destaca que esse cenário é resultado de uma ação integrada entre diferentes setores da sociedade. “Estamos nos unindo para trabalhar com processos educacionais, ampliar o vídeo-monitoramento, investir em equipamentos públicos e capacitar as autoridades, como a polícia e a Guarda Municipal, com um letramento de gênero. Isso faz com que entendam as demandas específicas das mulheres e ajam com mais rapidez”, afirma.
Número de feminicídios cai quase pela metade no início de 2025 no Ceará
Ela também menciona o papel da tecnologia e da conscientização feminina: “A inclusão de Wi-Fi, redes de monitoramento, e as mulheres tomando mais consciência de seus direitos contribuem para esse fenômeno de redução dos números. Mas é importante lembrar: a meta não é só reduzir, é zerar os casos.”
Um exemplo da efetividade dessa articulação aconteceu na última terça-feira (8), no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza. A integração entre o sistema de vídeo-monitoramento e a Guarda Municipal permitiu a prisão rápida de um agressor que atacava uma mulher em um ponto de ônibus. A vítima foi agredida com socos e um galho de árvore, mas o crime foi interrompido poucos minutos após o início da agressão.
Casos como esse mostram que o investimento em tecnologia e resposta ágil das forças de segurança pode ser decisivo para salvar vidas e evitar a escalada da violência doméstica.
Apesar da melhora nos índices, Thayná Silveira reforça que denunciar nem sempre é uma decisão simples para as vítimas.“É importante que elas denunciem, sim, mas cada caso é um caso. Algumas mulheres conseguem fugir, outras não têm essa possibilidade. Às vezes, a justiça tem um tempo que a mulher não pode esperar”, alerta.
Ela defende a criação de uma rede de apoio que vá além da denúncia:
“Precisamos oferecer um suporte de escuta humanizada, garantir que essa mulher tenha autonomia e possibilidade de recomeço. Isso exige uma atuação multidisciplinar, com advogados, psicólogos, assistentes sociais e, principalmente, com o envolvimento da sociedade como um todo. A gente não pode culpabilizar essas mulheres.”
A Lei Maria da Penha prevê punições que variam de acordo com a gravidade da infração. O descumprimento de medidas protetivas pode resultar em prisão de 2 a 5 anos; lesões corporais leves, de 3 meses a 3 anos; e casos de feminicídio são punidos com penas de 12 a 30 anos de reclusão.
Fonte: GC Mais