O narcisismo do presidente no dia da Pátria

O sentimento de poder para algumas pessoas é tão desejado quanto perigoso, qualquer semelhança com o atual cenário político brasileiro, pode ser mera coincidência

OPINIÃO – Por Manoelzinho Canafístula

Um presidente da República, que ao mesmo tempo desempenha as funções de Chefe de Governo e a de Chefe de Estado, de uma nação com mais de 200 milhões de pessoas tem muito poder, porém, assim como os demais chefes de poderes de uma República, este poder é limitado e o seu limite é a Constituição Federal, da mesma forma deveria, o presidente da República conhecer seus limites e estabelecer critérios rigorosos de controle, sobre seus pensamentos, palavras e ações.

A maioria das pessoas que assumem o poder tornam-se medíocres e teimam em medir o poder e ficam em busca desenfreada para saber, quem pode mais? Quem aparece mais? Quem manda mais? É esse o cenário que estamos sendo testemunhas oculares na história da República brasileira. Essas pessoas certamente desconhecem os segredos guardados por trás de tais atos de medição. Afinal, nem tudo pode ser medido pela mesma régua, e nem sempre essas pessoas têm o instrumento certo e o equilíbrio necessário, pois as medidas exigem acima de tudo, Sabedoria.

O sentimento de poder para algumas pessoas é tão desejado quanto perigoso, qualquer semelhança com o atual cenário político brasileiro, pode ser mera coincidência. Há um velho ditado popular que afirma: O poder mostra o que o homem é, e o escritor Grego Plutarco afirmou que “Nada revela mais o caráter de um homem do que seu modo de se comportar quando detém um poder e uma autoridade sobre os outros: essas duas prerrogativas despertam toda paixão e revelam todo vício.” Ou seja, dar poder a alguém é a melhor maneira de conhecê-lo profundamente, pois é nessa ocasião que descobrimos seu verdadeiro caráter.

Dizem que o poder por si só não é mau, pois é um presente, que deveria ser usado para transformar de forma positiva a realidade de milhões de pessoas, porém isso vai depender muito da maneira como ele é visto e principalmente como é exercido. Quando aquele que está investido em determinado cargo e o desejo em aumentar o próprio poder, passar a ser maior que o anseio em alcançar os alvos planejados, o valor de tudo que o rodeia fica reduzido a pó. Pois o poder perde gradativamente suas principais características positivas e passa a ser um adorado objeto de capricho e vaidade.

Esse foi o cenário dos eventos que tomaram conta do país nesta terça-feira, sete de setembro de 2021. A data exigia do povo brasileiro a manifestação de seu mais puro sentimento de gratidão e amor à pátria, afinal, há 199 anos, o Brasil recebeu sua carta de liberdade política de Portugal e passou a ter autonomia própria para seguir seu destino. O que foi reproduzido pela imprensa brasileira e internacional é o retrato de um profundo estado de decadência em que se encontra o cenário político e a República.

Em seus discursos, quer seja na Esplanada dos Ministérios, em Brasília ou na avenida Paulista, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à democracia. Chamou as eleições de “farsa”, disse que só sai da presidência “preso ou morto” e exaltou a desobediência à Justiça. Bolsonaro ainda não explicou como o seu mandato é fruto de uma farsa. Os atos de apoio ao presidente, por intervenção militar e contra o STF foram organizados em diversas cidades brasileiras em um momento de crise e queda generalizada de popularidade do presidente.

Foi no centro financeiro da américa latina, a famosa Avenida Paulista, que Bolsonaro elevou o tom de golpismo, uma continuidade de seu discurso em Brasília. Além de mais uma vez questionar as urnas eletrônicas e as eleições, descumpriu o acordo feito com o presidente da Câmara e citou novamente o voto impresso, reafirmando que não pode “participar de uma farsa como essa patrocinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”. Certamente o medo que Bolsonaro sente em ser derrotado nas urnas é o mesmo que ele percebe que aconteceu com a sua popularidade, despencou. A reação, não poderia ser outra. Políticos medíocres se sentem poderosos e tornam-se reféns de seu próprio vício de superioridade. O político vaidoso ainda corre o risco de transformar em refém qualquer pessoa que prometa ou alimente alguma forma de poder. Mas o poder como já mencionamos é, e sempre será um presente, que uma pessoa recebe para fazer o bem. Só isso.

Afinal, que medida de poder as pessoas, principalmente a classe política brasileira tem buscado? Assim como o filósofo Sêneca, muitos já afirmaram com outras palavras que “comandar não significa dominar, mas cumprir um dever”. O poder não constitui um prêmio, mas tão somente a exigência do cumprimento fiel de uma nova tarefa. Ele não combina e muito menos mantém relações com a natureza individualista, porque foi feito para benefício coletivo. Aqueles que têm mais poder, consequentemente devem ter consciência de que têm mais obrigações, mais responsabilidades e serão de alguma forma, singela ou rígida, cobrados por isso.

Atualmente o principal temor de Bolsonaro é ser preso, pois seria por demais vergonhoso, um presidente da República no exercício do cargo, sair do Palácio do Planalto ou da Alvorada, preso. Bolsonaro disse: “Só saio preso, morto ou com vitória. Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso.” Ele consegue ser contraditório sempre, primeiro afirma que só sai da presidência de três formas, preso, morto ou depois que terminar o segundo mandato. Sem dúvidas o mais próximo é o de ser preso, por isso ele faz questão de enfatizar no final de suas palavras que nunca será preso. Em seu discurso, criticou novamente e indiretamente o presidente do TSE e Ministro do STF, Luís Roberto Barroso.

Bolsonaro mais uma vez entra em contradição dupla, primeiro falou que representa o povo brasileiro, essa representação no sistema democrático e no sistema de governo é papel do Congresso Nacional, e sem paciência para esperar o resultado das urnas em 2022, aliás hoje, ele nem sabe se será candidato de fato e de direito. Afirma que a paciência do povo esgotou, ao dizer que acredita e quer a democracia, Bolsonaro assina seu atestado como portador de uma psicose, ainda não registrada no CID (Código Internacional de Doenças), se a CID de Bolsonaro é orgânica ou não, só o futuro não muito distante irá revelar. Afinal, quem defende a democracia, não trabalha para fragilizar as pilastras que sustentam o regime político democrático e a República.

Imaginando que tem poder, Bolsonaro nem sonha que o verdadeiro poder é aquele que não morre nas crises, cresce junto com o trabalho positivo que cada pessoa faz em si mesma, em seu interior. Ele deveria pelo menos aprender que saber usar o poder não significa viver para aumentá-lo, mas tão somente para dar o máximo de si, gerando o maior proveito possível para a nação brasileira.

Ele usou crianças durante seu desfile no carro oficial das grandes solenidades, mas esqueceu de que as crianças, por exemplo, descobrem sempre o poder escondido nas pequenas e mais simples coisas. Os grandes, assim como ele, em vez de se ocupar em medir ou engordar o próprio poder, poderiam tentar espiar pela fresta da concha para ouvir e conhecer tudo que se passa do lado de fora, sem prevenção, saindo do seu centro, com a virtude da humildade de se sentir apenas mais um e não um semideus, sentado em seu altar com o cetro das decisões nas mãos e a indumentária de uma intocável majestade.

Bolsonaro concentrou, mais uma vez, suas críticas ao STF na figura do ministro Alexandre de Moraes, que determinou na última segunda-feira, dia 6, a prisão de apoiadores do presidente que publicaram ameaças ao tribunal e a seus membros. “Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil”, disse o presidente. “Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos, porque nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada Poder da República”, completou Bolsonaro, conclamando o presidente do STF, Luiz Fux, a interferir nas decisões de Moraes – algo que seria inconstitucional.

Em São Paulo, Bolsonaro citou Moraes nominalmente e o chamou de “canalha”, dizendo que “não pode mais admitir” que ele “continue açoitando o povo brasileiro.” Antes das manifestações, Bolsonaro chegou a enviar um pedido de impeachment de Moraes ao Senado, que já foi rejeitado. Apesar da derrota, o presidente continuou insistindo no ataque, e disse em Brasília que Moraes “perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal”. E ameaçou: “Não queremos ruptura, não queremos brigar com Poder algum, mas não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade.”

Repleto de contradições, Bolsonaro caprichou nelas, como dizer que “defende a democracia” e ao mesmo tempo criticar as eleições e dizer que só sai de Brasília “preso, morto ou com vitória”. Bolsonaro usou repetidas vezes o argumento de que a Constituição Federal estaria sendo ferida por outro Poder. Mas ele próprio fez ameaças que, se concretizadas, significariam violações graves à Constituição e crime de responsabilidade, que será capaz de torná-lo inelegível por no mínimo 5 anos.

“Nós todos na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, disse, acrescentando que as manifestações do sete de Setembro são um “ultimato” aos Poderes da República, inclusive a ele mesmo, portanto, há fortes sinais de que ele não está bem do juízo. Por sorte, o juízo universal ainda não chegou para os seres humanos, quanto ao de Bolsonaro está muito mais próximo do que ele imagina. Boa sorte Bolsonaro, pois diferentemente da maioria, a sorte não é um complemento para sua vida, que continua sendo vazia e repleta de incertezas e inseguranças, espalhando o medo, o ódio e a escuridão. Mas o nosso povo é LUZ que irradia a alcança distâncias longínquas.

1 comentário
  1. Clayton Diz

    Falou Falou Falou e só ouvi criticas pessoais, usar crianças?
    Me poupe!
    Só quem é cego, não vê que o STF censura, eleitores de direita, patriotas, conservadores!
    Em todos esses anos nunca tinha visto, uma pessoa ir presa por expressar sua opinião, aqui no Ceará entre outros estados as pessoas de direta foram impedidas de expressar sua escolha nas ruas, retiraram bandeiras do Brasil, direcionaram manifestantes pacíficos para delegacias!
    CPI da COVID ou melhor dizer “CPI DO BOLSONARO” onde de todas as formas tentam incriminar o presidente com ações que não aconteceram, vivemos em uma sociedade hipócrita, onde falam para usar mascaras, álcool em gel nas redes sociais… mas na pratica não cumprem oque pregam, desde o primeiro dia que o presidente sentou naquela cadeira, recebe duras criticas, é atacado de todas as formas até hoje, em 3 anos de Bolsonaro, ele ja fez mais coisas que os antigos presidentes, a Caixa Lucrou Milhões, obras com mais de décadas em atrasos, foram entregues, auxilio emergencial que ajudou mais que o Bolsa Família, entrega de imóveis, Brasil hoje é um dos países que mais vacina no mundo!
    Entre Varias coisas, sejam mais gratos pelas coisas que ele vem fazendo, consciências!
    Tenham mais censo…
    Respeite nosso presidente eleito democraticamente, diferente de outros que so se elegeram por urnas fraudadas!!!

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