O roteiro de conversas e articulações que aponta Ciro candidato no Ceará
O movimento (e por que agora)
Em Brasília, Ciro Gomes cumpre maratona com líderes do União Brasil e encerra o dia num jantar com governadores que orbitam a direita (Caiado, Tarcísio, Ratinho Jr., Zema, Leite). No meio do roteiro, um almoço na Asa Sul com nomes cearenses — entre eles Capitão Wagner e Roberto Cláudio — e presença confirmada na convenção que oficializa a federação União Brasil + PP (UPb). O gesto é inequívoco: reposicionamento para disputar o Governo do Ceará em 2026.
Onde a política dá voltas
Ciro e Wagner foram protagonistas de uma rixa que transbordou para a Justiça. Em 2022, Ciro foi condenado a indenizar Wagner por chamá-lo, entre outras coisas, de “miliciano” e “canalha” em falas de 2020. Trecho do histórico:
— “O Wagner é um miliciano.” (01.jun.2020)
— “Canalha.” (20.fev.2020)
As duas declarações embasaram a condenação por danos morais (R$ 40 mil no total). Hoje, os dois dividem mesa em Brasília. Política gira — e gira rápido. Diário do Nordeste
As aspas do momento
— “Adversário a gente não escolhe.” (Elmano e Camilo, em sintonia ao reagirem ao avanço de Ciro) O Povo
— “Estão tentando ‘comprar’ o PDT para impedir minha candidatura.” (Ciro, ao se dizer alvo de manobras para barrá-lo no Ceará) Diário do Nordeste
Leitura política
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O tabuleiro partidário – A federação União Progressista (UPb) nasce com a maior bancada do Congresso (109 deputados, 15 senadores). A presença de Ciro nos atos e jantares desse grupo amplia seu canal de aterrissagem fora do PDT — e pressiona o PSDB, com quem ele também negocia.
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A foto com Wagner – Sentar ao lado do adversário histórico sinaliza pragmatismo eleitoral: abrir portas no União Brasil do Ceará, onde Wagner é o presidente estadual. Isso reduz veto e facilita palanques e chapas.
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O objetivo declarado – Ciro vem se colocando como nome para 2026 e acusa tentativas de bloqueio no PDT, reforçando a narrativa de que precisa de um novo abrigo para concorrer.
Quem mais entra no enredo
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Roberto Cláudio: anunciou filiação ao União Brasil e sincronizou o ato com o calendário da federação. Sua movimentação ajuda a explicar a mesa compartilhada em Brasília.
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Governadores presidenciáveis: a agenda com Caiado, Tarcísio, Zema, Leite e Ratinho Jr. insere Ciro numa vitrine nacional onde ele volta a ter relevância tática, mesmo mirando o tabuleiro estadual.
Por que importa (Ceará em 3 linhas)
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Choque de projetos: Ciro versus a coalizão PT no Estado (Elmano/Camilo) tende a nacionalizar o debate local.
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Janela partidária: UPb reordena o centrão e pode redefinir tempo de TV, fundo e alianças no Ceará.
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Pragmatismo puro: a foto com Wagner resume o momento — menos liturgia, mais resultado eleitoral.