Operação do Ibama desarticula esquema de tráfico de animais exóticos em Fortaleza

A ação ocorreu na Feira da Parangaba, em Fortaleza, e resultou na prisão de mais de 30 pessoas e na apreensão de 271 animais, entre espécies nativas e exóticas

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou, neste domingo (5), a maior operação contra o comércio ilegal de animais silvestres em feiras livres do país. A ação ocorreu na Feira da Parangaba, em Fortaleza, e resultou na prisão de mais de 30 pessoas e na apreensão de 271 animais, entre espécies nativas e exóticas. As multas aplicadas somaram R$ 465 mil.

As investigações duraram seis meses e contaram com 58 agentes do Ibama de diversos estados, Ceará, Amazonas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins. Batizada de “Fórum Avium I”, a operação desarticulou um esquema de tráfico de fauna que há anos movimentava a feira da Parangaba, conhecida popularmente como “Feira dos Pássaros”.

Durante a ação, os agentes flagraram animais sendo mantidos em gaiolas pequenas e sujas, sem alimentação adequada, além de aves transportadas dentro de mochilas e caixas. Alguns espécimes chegavam a ser oferecidos por até R$ 1 mil. A suspeita é que a maioria tenha sido capturada em serras e sertões do Ceará.

Entre os animais apreendidos, havia 187 nativos e 81 exóticos. Entre as espécies brasileiras estavam periquito-do-sertão, gralha-cancã, papa-arroz, papa-capim, golinha, bigodinho, pintassilgo-mineiro e jabuti, além de exemplares ameaçados de extinção, como o papagaio-verdadeiro e a jandaia-verdadeira. Entre as aves exóticas encontradas estavam agapórnis, ring neck, red humped, rosela, lóris molucano e periquito bourke. Três pássaros foram encontrados mortos: um papagaio e dois passeriformes.

Os animais, debilitados e desidratados, receberam atendimento de veterinários e foram encaminhados a Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), onde passarão por reabilitação antes de uma possível soltura.

Esquema de tráfico de animais exóticos em Fortaleza

O coordenador da operação, Saulo Gouveia, explicou a operação que aconteceu em diversos estados. “Algumas aves até podem ser vendidas, desde que adquiridas em locais autorizados, popularmente conhecidos como criadores comerciais. Se você não adquirir essas aves nesses locais, possivelmente está adquirindo animais ilegais capturados na natureza e, consequentemente, a pessoa que fizer essa aquisição pode ser autuada, o animal será apreendido e ela responderá criminalmente”, destacou.

Ele acrescentou que o trabalho começou no início do ano com a identificação dos principais traficantes que atuavam na feira. “A gente conseguiu identificar entre 20 e 30 pessoas que são os principais traficantes, que possivelmente controlam aquela região específica do tráfico dentro da Feira da Parangaba”, afirmou.

Saulo destacou ainda o objetivo da operação que deve pretende eliminar o tráfico de animais.“A nossa intenção é realmente eliminar, acabar por completo com o tráfico de animais silvestres na feira, para que a população vá à feira, aproveite o espaço de forma segura e que não exista crime organizado lá dentro”, comentou.

Os detidos foram conduzidos à Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e autuados pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). “Alguns por comercializar, outros por comprar ou transportar animais silvestres. Todos também foram enquadrados por maus-tratos, pois os animais estavam em situações precárias”, informou o coordenador.

O Ibama reforça que não se deve adquirir animais silvestres sem autorização, pois essa prática incentiva o tráfico e compromete a biodiversidade brasileira. A conscientização da população é considerada essencial para preservar as espécies e garantir o equilíbrio ambiental.

Fonte: Gcmais