PGR pede condenação de Jair Bolsonaro e mais 7 réus por tentativa de golpe de Estado

Com a manifestação da PGR, inicia-se o prazo de 15 dias para que as defesas dos réus protocolem suas alegações finais

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (14), o pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete integrantes do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, em ação penal que investiga crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado e à ruptura democrática após as eleições de 2022.

No documento de 517 páginas, o procurador-geral Paulo Gonet detalha que Bolsonaro não apenas tinha conhecimento, mas liderou a articulação de um plano que visava minar o resultado das urnas e impedir a alternância legítima do poder. Segundo a PGR, o grupo utilizou o aparato estatal para ataques orquestrados contra o sistema eleitoral e as instituições, mobilizando agentes públicos e recursos para propagar narrativas falsas e estimular a instabilidade social.

Entre os crimes listados estão:

  • Organização criminosa armada
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Tentativa de golpe de Estado
  • Dano qualificado ao patrimônio da União
  • Deterioração de patrimônio tombado

Esses crimes, em caso de condenação, podem resultar em penas superiores a 30 anos de prisão para os principais envolvidos.

Além de Jair Bolsonaro, foram denunciados:

  • Walter Braga Netto, general e ex-ministro
  • Augusto Heleno, general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
  • Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa
  • Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência

O procurador-geral pontua que Bolsonaro, “no exercício do cargo mais elevado da República, instrumentalizou o aparato estatal e operou, de forma dolosa, um esquema persistente de ataques às instituições públicas e ao processo sucessório”, sendo considerado o “principal articulador e maior beneficiário” do planejamento golpista.

Segundo o relatório, as ações do grupo teriam começado com campanhas de descredibilizarão do sistema eletrônico de votação, passando por pressão sobre as Forças Armadas e culminando na articulação dos atos que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

O general Braga Netto teria coordenado ações violentas e clandestinas, estabelecendo contato direto com manifestantes e setores militares para fomentar o clima de ruptura. A PGR destacou ainda que reuniões entre Bolsonaro e comandantes das Forças Armadas discutiram possíveis alternativas para manter o ex-presidente no poder após sua derrota eleitoral

Com a manifestação da PGR, inicia-se o prazo de 15 dias para que as defesas dos réus protocolem suas alegações finais. O julgamento deve ser agendado pela Primeira Turma do STF para ocorrer entre o final de agosto e setembro, podendo resultar na condenação ou absolvição dos acusados ainda neste semestre.

Todos os réus negam as acusações. A defesa de Bolsonaro afirma que ele repudiou os atos do 8 de janeiro, reitera sua inocência e denuncia suposta falta de acesso a provas completas, alegando cerceamento do direito de defesa.

Fonte: GC Mais