Presidente de Angola rejeita encontro com parlamentares brasileiros para discutir situação da Universal

O presidente de Angola, João Manuel Lourenço, rejeitou uma reunião com uma delegação parlamentar brasileira que defende os interesses da Igreja Universal do Reino de Deus no país africano. O pedido pelo encontro partiu do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que se encontrou com o líder angolano na semana passada.

A missão seria liderada pelo deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), bispo licenciado da Universal. Pereira atuaria como porta-voz na defesa da instituição em Angola, onde a igreja liderada pelo bispo Edir Macedo enfrenta uma crise, após religiosos locais se rebelarem e tomarem o controle da administração dos templos.

Mourão viajou para Luanda, onde participou da cúpula da CPLP (Comunidades dos Países de Língua Portuguesa), e teve uma reunião bilateral com líder angolano. O vice-presidente foi incumbido de fazer um apelo diretamente a Lourenço sobre o tema.

Pressionado pela bancada evangélica, o governo Jair Bolsonaro está engajado na defesa da instituição em Angola. Uma das contribuições nesse sentido foi a escolha do ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella como novo embaixador do Brasil na África do Sul. Crivella também é bispo licenciado da Universal e sobrinho de Edir Macedo. Sua indicação para a embaixada, desse modo, desagradou autoridades angolanas e parece estar longe de ser oficializada.

De acordo com interlocutores, o vice-presidente fez dois pedidos a Lourenço sobre a Universal: que o governo angolano garantisse um tratamento justo à igreja nos processos judiciais que correm contra a denominação no país e que o presidente de Angola recebesse uma missão de parlamentares evangélicos.

Sobre o segundo apelo, Lourenço justificou que não era adequado que uma delegação de congressistas fosse recebida pelo Poder Executivo local. Em contrapartida, ele disse que os deputados angolanos estariam à disposição de congressistas brasileiros, sempre que devidamente convidados pelo país. Desse modo, o presidente descartou, pelo menos por hora, a visita desejada pela bancada evangélica.

Nesta terça-feira, 20, Mourão foi questionado sobre a tratativa. “Está sendo negociado isso [a missão parlamentar a Angola] entre a nossa embaixada e o ministério de Relações Exteriores angolano e por enquanto não há resposta sobre isso aí”, afirmou.

As últimas pesquisas apontam que Bolsonaro vem perdendo apoio no meio evangélico, sendo a mediação da crise entre a Igreja Universal e Angola umas das formas de conter a rejeição em parcela do eleitorado que foi fundamental para sua eleição em 2018. Líderes religiosos e políticos, inclusive, vinham reclamando da falta de atitude do presidente no caso.

Informações: O Povo

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