Projeto da Alece prevê obrigatoriedade de laudo de ausência de metanol em bebidas alcoólicas no Ceará
Presidente da Assembleia Legislativa anunciou propostas em meio à investigação de casos de intoxicação no estado
Os deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Estado (Alece) vão discutir um projeto de lei que estabelece a obrigatoriedade de laudo laboratorial que ateste a ausência de metanol em bebidas alcoólicas no Ceará. De autoria do presidente da Casa, Romeu Aldigueri (PSB), a proposta foi protocolada nesta segunda-feira (6) e deve entrar no expediente da sessão desta terça (7).
Conforme o projeto, ao qual o PontoPoder teve acesso, a obrigatoriedade de laudos laboratoriais por lote para bebidas alcoólicas no Ceará abrangerá eventos e estabelecimentos comerciais. O documento deverá ser obtido pelo fornecedor ou distribuidor responsável pelo produto, cabendo aos compradores exigir e manter cópia válida durante todo o período de fornecimento ao público.
Ainda de acordo com o PL, o laudo laboratorial deverá:
ser emitido por laboratório oficialmente credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou a outro órgão regulador competente;
identificar claramente o lote analisado, a marca da bebida, o nome do fabricante, a data da análise e o prazo de validade do resultado;
atestar expressamente a ausência de metanol nas amostras submetidas à análise.
Em caso de descumprimento, a proposição prevê uma série de sanções administrativas, que vão desde advertência e multa até a interdição temporária do local ou do evento. Após a aprovação, a regulamentação da lei caberá ao Poder Executivo, que ficará responsável por definir os tipos e portes de eventos e estabelecimentos sujeitos à obrigação, bem como outros quesitos.
Na justificativa da proposta, o presidente da Alece defende que a norma não cria barreiras indevidas ao comércio, tampouco interfere em competências privativas do Governo do Estado, já que faculta a regulamentação posterior.
“A exigência de laudo por lote é tecnicamente justificável, uma vez que o risco de contaminação por metanol, quando existente, pode ocorrer de forma pontual e concentrada em determinadas remessas clandestinas. Além disso, a responsabilização solidária entre fornecedores, organizadores de eventos e comerciantes busca assegurar que todos os agentes da cadeia de fornecimento exerçam vigilância ativa, contribuindo para a segurança do consumidor”
Em paralelo, o parlamentar também protocolou um projeto que estabelece o “Protocolo Estadual para Atendimento de Casos de Intoxicação por Metanol”. A medida tem o objetivo de criar um procedimento clínico padronizado para as unidades de saúde do Ceará, o que inclui a manutenção do estoque de antídotos indicados para o tratamento.
Os projetos de lei foram anunciados por Aldigueri ainda no final de semana, quando o Ceará divulgou a investigação de três casos de intoxicação por metanol — dois já descartados — e uma possível morte. Nas redes sociais, o parlamentar defendeu a necessidade da criação de um protocolo estadual único de atendimento emergencial.
Devido aos registros no Estado e ao apoio da própria presidência da Alece, a expectativa é que ambas as proposições sejam aprovadas ainda nesta semana. Após a possível validação do Plenário 13 de Maio, os projetos dependem da sanção do governador Elmano de Freitas (PT) para se tornarem leis.
Em meios aos registros de casos no Brasil, o assunto também entrou na pauta do Congresso Nacional. O Plenário da Câmara dos Deputados deve votar o projeto que transforma em crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas (PL 2307/07). A proposta teve regime de urgência aprovado na semana passada.
Em caso de aprovação, episódios de adição de ingredientes que possam causar risco à vida ou grave ameaça à saúde, serão punidos sem a possibilidade de pagamento de fiança ou liberdade provisória. Além disso, as penas poderiam chegar a 30 anos, o tempo máximo previsto para crimes hediondos.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE